A coordenadora da Escola Estadual Mariana Luiza Moreira, no bairro Tijucal, em Cuiabá, Márcia Jamil recorreu pela segunda, vez ao juiz Abel Balbino Guimarães, da Vara de Execução Penal da Comarca de Várzea Grande, para obter orientações e preparar os professores para lidar com os estudantes problemáticos e se relacionar com os pais dos alunos. A preocupação é com o crescente índice de violência e com o mau comportamento de determinados estudantes. "Os conflitos são tantos que estamos tendo que apartar brigas, chamar o Conselho Tutelar, e se ocupando dessas coisas acabamos deixando de executar o nosso papel de educadores", lamentou a coordenadora.
Há 20 anos, muito antes de existir o projeto Judiciário na Escola, fomentado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o magistrado Abel Guimarães vem ministrando palestras para auxiliar educadores a prevenir e contornar a agressividade no ambiente escolar.
As atividades fazem parte do projeto A Justiça é a Esperança, de iniciativa da Ong Escola Mundo Azul, da qual o juiz faz parte. Da primeira vez, a coordenadora da escola gostou tanto da palestra do magistrado que o convidou a voltar ao estabelecimento na noite desta terça-feira (15 de maio). A grande rotatividade de docentes na unidade também a levou a requisitar novamente a presença do juiz. "Os alunos estão sem limites e sem apoio familiar. E a gente acaba perdendo o norte, sem saber a quem procurar", pontuou Márcia Jamil.
Com o lema É melhor prevenir do que castigar, o projeto tocado pelo magistrado tem levado mensagens de justiça, paz, harmonia e informações sobre direitos e deveres de um cidadão. O magistrado observou que os professores têm papel fundamental para evitar que muitos jovens entrem para o mundo do crime.
Abel Guimarães observou que a superlotação carcerária no Brasil só perde para a Bolívia e que o Judiciário brasileiro precisa como nunca de pessoas na linha de frente para fazer o trabalho preventivo, ainda mais dos professores, que lidam cada um com 80 a 100 alunos diariamente. "A solução para o infrator não é a cadeia, porque esse é o fim da linha, mas a educação", observou.
A professora de Geografia Rosicléia Monge Pinheiro salientou que muitos professores também não têm conhecimento de todos os direitos e deveres. "Com as informações a gente se sente mais preparada para enfrentar todas as situações de dificuldades que aparecerem", avaliou.