A polêmica proposta do Zoneamento Agroecológico da Cana-de-açúcar no Brasil, a partir da safra 2009/10, reuniu hoje, em audiência pública, em Cuiabá, agricultores, deputados estaduais e federais e senadores para debaterem o decreto que restringe o plantio da cana em Mato Grosso já na safra 2009/10. O presidente da Assembleia, deputado José Riva (PP) disse que a decisão de o governo federal em proibir o plantio na região do Pantanal e outras é ruim para o crescimento econômico de Mato Grosso. Riva ainda fez um apelo para que o governador Blairo Maggi (PR) interceda junto à União sobre as restrições impostas pelo decreto.
“Não podemos admitir que essa decisão traga conseqüências desastrosas para todo o estado. Por isso, é preciso que haja interesse político para reverter esse impedimento”, destacou Riva. De acordo com o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária – IMEA, Sineri Kernbeis Paludo, Mato Grosso será o único estado da federação a perder em produção consolidada com a implantação do zoneamento da cana-de-açúcar.
Paludo explicou que em Mato Grosso a área plantada é de 243 mil hectares, ou seja, 10% do território. O valor bruto produzido nessa área é de R$ 2,4 bilhões. O setor gera 16.711 mil empregos diretos e 66.800 mil empregos indiretos. “O zoneamento do jeito que está proíbe o crescimento econômico do Estado”, alertou. Sem o zoneamento da cana-de-açúcar, o cenário previsto, segundo Sineri Paludo, é de 5% de crescimento com a produção de cana. Isso representa um crescimento de 1,1 milhão de hectares plantados. Com a produção, o valor bruto é estimado em R$ 10 bilhões. Enquanto isso, a geração de emprego direto passa para 76 mil e indireto para 350 mil.
O senador Jaime Campos (DEM) afirmou que é do setor agropecuário que sai recursos do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) e mais 70% dos recursos arrecadados pelo fisco estadual. “Os produtores não podem ser penalizados com essa decisão arbitraria. Por isso, garanto que a bancada federal vai votar contra esse decreto, quando chegar ao Congresso Nacional”, destacou o senador.
Para o professor da Universidade de São Paulo – USP, Godofredo César Vitti, a audiência pública é mais que a conquista de o Brasil ter sido escolhido para ser sede das Olimpíadas de 2016. “Não adianta ter tudo se não tiver barriga cheia. Mato Grosso não pode ter seus direitos cerceados por decisões políticas”, destacou Vitti.
A deputada federal Thelma de Oliveira (PSDB) afirmou que a bancada federal deve se mobilizar para impedir à aprovação do zoneamento da cana-de-açúcar no Congresso Nacional. “Essa proposta não pode ser aprovada sem que a classe produtora seja ouvida. Os produtores de Mato Grosso não foram ouvidos. Por isso tudo leva a crer que há uma mobilização política para impedir o crescimento da economia mato-grossense”, disse.