A Câmara Setorial Temática (CST) discutiu ontem os caminhos viáveis e rentáveis para o desenvolvimento econômico do Estado. Mais de 19 segmentos da sociedade mato-grossense estiveram presentes na terceira reunião da CST que envolveu dezenas de representantes na discussão sobre a conclusão da BR 163, continuação da Ferronorte até Cuiabá e ainda, a implantação do sistema de hidrovia em Mato Grosso.
De acordo com opresidente Silval Barbosa, temas como o biodiesel, a política de aqüicultura, os oito objetivos do milênio (ODM), a biopirataria, o estatuto da microempresa, o plano de desenvolvimento sustentável da Amazônia (PAS), são alguns dos assuntos que pautam as ações do Legislativo estadual.
“O principal resultado de todo nosso esforço é que em torno dessas iniciativas e pautas é que Mato Grosso passa a ter um Plano de Governo, e não um plano político ou partidário. É necessário que isso fique claro, pois os cargos passam, e as melhorias ficam para que essa geração e as próximas que venham possam usufruir de um Estado com condições cada vez melhores de se viver”, ressalta.
A CST do transporte intermodal voltou a discutir essa fonte alternativa para o Estado e o presidente da câmara setorial, José Lacerda, expôs que, nos próximos dias, o governador Blairo Maggi deve assinar com o Governo Federal, convênio para execução dos estudos de impacto ambiental nas áreas onde estão sendo discutidas a implantação da ferrovia (EIArima).
“A execução desses estudos ambientais só foi possível pela união de todos os segmentos. Pretendemos chegar também aqui na CST a um denominador comum – e com a contribuição de todos esses setores – apresentar para nossa Mesa Diretora um relatório final para que ela repasse ao Estado um política pública envolvendo toda a logística de transportes e essa questão da malha de produção trazendo para Mato Grosso. Fazer com que se encontre de fato uma solução e que se possa reverter em benefício para a sociedade o resultado desse nosso trabalho”, diz José Lacerda.
A conclusão da BR-163 e a retomada das hidrovias Araguaia/Tocantins, também foram reforçadas na rodada de sugestões de viabilidade dos modais em Mato Grosso. De acordo com o vice-presidente e membro do Conselho de Infra-estrutura da FIEMT, Luiz Garcia, dentro de no máximo quatro meses a conclusão do relatório da Federação das Indústrias de Mato Grosso (FIEMT) sobre as obras da BR-163, que liga Cuiabá a Santarém (PA) será finalizado.
A rodovia, junto com a BR-158 são as duas principais rotas viárias que estão integradas nos projetos de transportes modais. “Vamos chegar ao consenso dessas discussões para elaborar um projeto e enviar ao Congresso Nacional relatando sobre as necessidades do Estado. Creio que isso deverá ser revertido em benefícios à sociedade”, diz Garcia.
Ele criticou ainda a bancada federal de Mato Grosso e de outros Estados pela falta de “vontade política” em resolver algumas questões estaduais. “Os entraves que prejudicam o desenvolvimento de Mato Grosso são de responsabilidade de uma grande parte da classe política. Alguns deles pensam somente em projetos pessoais”, disse ao lembrar que a prática está sendo desmistificada com a participação de alguns órgãos como a Assembléia Legislativa, que criou várias Câmaras para discutir com a sociedade, alternativas para o Estado.
“Mato Grosso sempre esteve de fora de Brasília. Para a maioria deles, não interessa olhar para nosso estado que tem menor PIB e densidade eleitoral. Por outro lado, somos o maior produtor de grãos do país e isso tem que ser levado em consideração”, afirmou Luiz ao ressaltar ainda que Mato Grosso produz cerca de 15 milhões de tonelada/ano apenas de soja e tem aproximadamente 22 milhões de cabeça de gado.
Para o representante da Conab (DF), Francisco Olavo, que fez palestra sobre a produção agrícola, o Governo Federal não faz questão de observar justamente esse potencial de Mato Grosso diante dos demais estados em termos econômicos. Ele também é um defensor da Ferrovia até Cuiabá como um dos transportes que vai acelerar o crescimento econômico do Estado. “Se Lula tivesse uma assessoria competente ele faria a ferrovia cruzar todo o Estado de Mato Grosso”, conclui.