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Valor Econômico diz que Blairo detém poder político e econômico de Mato Grosso

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Com faturamento em 2008 previsto em US$ 1,8 bilhão, ou cerca de R$ 3,1 bilhões, o Grupo André Maggi, empresa controlada pela família do governador do Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), é de longe o principal do Estado. Resultado: Mato Grosso é o único caso no Brasil em que o poder político e o econômico se fundem em uma só pessoa.

A receita prevista para seu conglomerado este ano é quase equivalente aos R$ 3,4 bilhões de arrecadação do ICMS mato-grossense em 2007. Voltado para a exportação de soja e derivados, de produção própria e de terceiros, o grupo começa a diversificar sua atuação. A médio prazo, o setor exportador tende a perder espaço entre as receitas do grupo, em detrimento do mercado interno e de investimentos em energia e transportes.

A acusação de misturar o público e o privado é a principal que se faz a Maggi. Controlador de dez fazendas produtoras de soja, algodão e milho, uma empresa de navegação (Hermasa), outra de energia elétrica, uma trading e três unidades de esmagamento, Maggi é suspeito de direcionar a política tributária do Estado e investimentos de infra-estrutura de modo a beneficiar seus negócios. “Maggi não tem política governamental.

O projeto dele é a empresa e o governo do Mato Grosso é tratado como uma subsidiária”, afirmou um dos raros oposicionistas, o ex-senador Antero Paes de Barros (PSDB), duas vezes derrotado por Maggi na disputa pelo governo.

O governador reforçou esta impressão ao nomear para postos- chave no governo pessoas de suas relações comerciais e profissionais. O secretário da Fazenda, Éder Moraes, foi gerente do banco onde o grupo possuía contas. Seu antecessor, Waldir Teis, era contador da empresa.

Agora tornou-se conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Seu antigo secretário de infra-estrutura, Luiz Antonio Pagot, era o superintendente da Hermasa, a empresa de navegação do grupo. Hoje comanda o Departamento Nacional de Infra-Estrutura (Dnit), o principal cargo do grupo de Maggi na esfera federal. “Cheguei ao governo com poucas relações políticas. A gente não governa com inimigos”, diz Maggi.

Na área tributária, Maggi foi criticado ao criar um benefício fiscal para a comercialização interna do farelo da soja, um dos itens que produz em sua nova unidade esmagadora de Lucas do Rio Verde, voltada para o mercado interno. Já isento de impostos estaduais para a exportação pela Lei Kandir, o complexo soja gera uma receita pouco significativa nos cofres estaduais. Arrecada por ano em torno de R$ 150 milhões, ou cerca de 4,3% da receita de ICMS.

“Fiz uma redução de 42% na base de cálculo, para que o Mato Grosso possa competir com Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná. A alíquota no Mato Grosso precisa ser menor porque estes Estados estão mais perto dos grandes centros consumidores. Concorrentes da Maggi, como a Bunge e a ADM, se beneficiaram. É uma política para um segmento, não para minha empresa”, justifica-se.

“A produção da fábrica de Lucas do Rio Verde será comercializada na própria região, e o benefício criado é para a venda interestadual. O grupo não irá se beneficiar”, garante o presidente do Grupo André Maggi, Jacyr Bongiolo. Mas é no mercado interno de derivado de soja que está a maior aposta futura do grupo. “Hoje a exportação de soja corresponde a 80% de nosso faturamento. No final deste ano é provável que este percentual já esteja em 70%. Nosso projeto de crescimento no mercado interno é agressivo”, afirma Bongiolo.

A empresa abriu uma trading em Maringá (PR) pensando em operar contratos para todos os consumidores de farelo e óleo de soja nos Estados do Sul, Sudeste e na Argentina. No próximo mês ou início de abril, entra em operação a unidade de Lucas do Rio Verde que será a primeira não voltada para a exportação, com capacidade para o esmagamento de 3 mil toneladas de soja e que custou o equivalente a US$ 65 milhões.

A preocupação com o mercado interno já mudara a destinação da produção da fábrica da Maggi em Itacoatiara (AM). “Até 2006, todo o óleo de soja que produzíamos era exportado. Com a entrada do biodiesel, começamos a destinar 70% da produção para o mercado interno”, afirmou Bongiolo, prevendo que este ano 100% da produção de óleo não sairá do Brasil.

A oposição afirma ainda que Maggi teria comprado terras no sul do Pará, na região de Itaituba. Desta maneira, estaria presente em um trecho da rodovia Cuiabá-Santarém que deve receber asfalto 300 quilômetros antes do terminal da Cargill, que fica em Santarém. Como superintendente do Dnit, o braço direito de Maggi, Luiz Antônio Pagot, comanda as obras na estrada federal. Bongiolo nega que a empresa tenha qualquer projeto no sul do Pará. O governador é menos claro ao comentar o assunto. “É inevitável que o asfalto chegue antes a Itaituba do que ao terminal de Santarém. E é possível que todas as tradings que não estejam instaladas em Santarém pensem em escoar por Itaituba”, diz.

Sem que lhe seja perguntado, o governador ainda se queixa das críticas que recebeu por um investimento de transmissão elétrica feito pelo governo federal, na região de Juruena, onde o grupo tem investimentos em energia. ” Ficam me enchendo o saco. Eu não posso ter mais interesses, já que sou governador? Não posso mais produzir? Afirmo que não tem fazenda minha beneficiada por obra estadual”, queixa-se.

Segundo Bongiolo, a empresa pretende captar R$ 400 milhões este ano para construir quatro pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) ao longo do rio Juruena, no noroeste do Mato Grosso. “A engenharia financeira ainda não está concluída. No momento estamos analisando duas ou três fórmulas para obter estes recursos. Mas a decisão de investimento já está tomada”, afirmou.

Estas quatro PCHs se somarão a duas que atendem principalmente às necessidades próprias do grupo, vendendo um pequeno excedente. Com seis PCHs, todas ao longo do Juruena, a capacidade de geração do grupo irá passar de 11 para 75 megawatts, fazendo com que a empresa entre no mercado de energia. “O que hoje é considerado como excedente irá virar o foco principal”, afirma Bongiolo. A meta do grupo é colocar as novas PCHs em operação até 2010.

Na área de transporte, a subsidiária do grupo, Hermasa, já não irá transportar apenas soja e derivados pelo porto de Itacoatiara (AM). A partir de maio, entra em operação um contrato com a mineradora MMX para o transporte de 54 mil toneladas de minério de ferro por viagem. Ao longo do contrato, 6,5 milhões de toneladas da MMX serão transportadas em barcaças da Hermasa. O trajeto irá da mina da MMX próxima a Macapá (AP) até a região de Trombetas, no Pará. Para colocar o contrato em operação, o Grupo André Maggi fez um investimento equivalente a US$ 70 milhões.

Apesar da ênfase na diversificação e no mercado interno, o grupo ainda investe na exportação do complexo soja. Em abril deste ano, deverá ser aberta a empresa Maggi Europa, com sede provavelmente em Roterdã, na Holanda, para fazer a operação comercial diretamente na União Européia. A produção de grãos in natura do grupo Maggi, que a tornaram a maior empresa produtora de soja do mundo no passado, perde ímpeto, ainda mantém o crescimento. Segundo Bongiolo, a área cultivada este ano ficará “em torno de 200 mil hectares”. Na safra 2005/2006, foram plantados 165 mil hectares.

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