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Termelétrica de Cuiabá negocia importação de gás da Bolívia

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A Empresa Pantanal Energia (EPE), operadora da Usina Governador Mário Covas (Termelétrica de Cuiabá), assinou uma carta de intenções com as estatais bolivianas Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) e Empresa Nacional de Eletricidade da Bolívia (Ende) esta semana. Com o documento, a térmica, que possui capacidade para gerar 480 megawatts (MW) de energia, terá prioridade em uma futura negociação direta para o fornecimento de gás natural pela Bolívia. Desde 15 de janeiro deste ano a usina, administrada pela holding J&F Investimentos que controla oito empresas, incluindo o grupo frigorífico JBS (Friboi), está com a geração suspensa. A planta aguarda a renovação do contrato para fornecimento de gás com a estatal brasileira Petrobras, que por sua vez importa o insumo dos bolivianos.

A UTE de Cuiabá demanda 2,2 milhões de metros cúbicos diários de gás natural para operar plenamente. Tem capacidade para atender cerca de 40% da demanda estadual de energia, com base no consumo apurado no fim de 2014. Como foi informado ao jornal A Gazeta pelo Ministério de Minas e Energia (MME) em agosto deste ano, o suprimento de gás natural a Mato Grosso está amparado em aditivo realizado no Acordo de Suprimento de Gás (Gas Supply Agreement – GSA) vinculado ao Gasbol (Gasoduto Bolívia-Brasil), com vigência até 2019.

Ante a aproximação da data de término dos contratos vigentes, a Petrobras e outras empresas brasileiras negociam com a YPFB a celebração de novas contratações. A reunião realizada na última segunda-feira (7) confirma tratativas nesse sentido. O diretor de Relações Institucionais da EPE, Rodrigo Zúniga de Melo Sousa, participou do encontro na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra com o presidente Evo Morales, juntamente com outros executivos da J&F, assim como o ministro Fernando Coelho Filho (Ministério de Minas e Energia) e o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, e o ministro boliviano Luis Alberto Sánchez (Hidrocarburos).

A Bolívia produz atualmente 60 milhões de metros cúbicos e a Petrobras mantém contratados 31 milhões (m3) diários, diz Zúniga. Com esse volume, o governo boliviano prioriza o mercado interno, além de suprir a demanda brasileira e argentina. “Esse volume (assegurado pelas reservas bolivianas) representa 30% do gás consumido no Brasil. Só que esse gás é comprado somente pela Petrobras, que está modificando o foco de atuação dela e já anunciou a intenção de sair do mercado do gás e renovar o contrato para metade do volume atual, ou seja, cerca de 15 milhões de metros cúbicos”. Cenário que abre oportunidade para as térmicas movidas a gás adquirirem o excedente no mercado boliviano. Com o entendimento entre os dois países adiantado esta semana, a EPE “sai na frente”, diz Zúniga. “Nos dá prioridade para negociar esse volume de gás, que é de 2,2 milhões (m3) diários, quando a Petrobras renovar o acordo (que expira em 2019)”.

Após a reunião, o presidente Evo Morales declarou que deseja que daqui a dois anos a Bolívia esteja exportando o gás para a EPE, como noticiou o Ministério dos Hidrocarburos y Energía. “Saúdo este acordo de gás para Cuiabá. Queremos que em 2019 estejamos com resultados na exploração”. Com relação à renovação do contrato

de fornecimento de gás entre a estatal brasileira e a UTE Governador Mário Covas, a expectativa inicial era que ela acontecesse no início deste semestre. “A gente não está com pressa porque estamos aguardando condições mais favoráveis do mercado”, expressou o diretor da EPE. “A demanda existe, mas o preço não está estabilizado. Acho que para o início do ano que vem será viável gerar”. Uma das possibilidades consideradas é atender, além da demanda interna, o mercado consumidor argentino, como adianta o diretor. Procurada pela reportagem, a Petrobras não se posicionou sobre o novo contrato até o fechamento desta edição.

Além do acordo visando fornecimento futuro de gás diretamente à EPE, os governos brasileiro e boliviano assinaram carta de intenção para exploração de gás natural nas áreas bolivianas de San Telmo y Astillero, onde serão investidos R$ 1,2 bilhão em parceria com a Petrobras.

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