O dólar encerrou em alta de 1,46% nesta quinta-feira, a R$ 2,497, em meio a preocupações com os desdobramentos das denúncias de corrupção envolvendo o governo.
Nesta manhã, a divisa norte-americana chegou a superar R$ 2,50 pela primeira vez desde 3 de maio, com a valorização do dólar frente ao euro reforçando a depreciação do real.
“É muito em função do risco político. É difícil precificar para onde vão os ativos dependendo das notícias que saírem”, explicou Marco Antônio Azevedo, gerente de câmbio do banco Brascan. “O risco político está aumentando.”
Segundo analistas, a grande preocupação do mercado diz respeito às revistas semanais no final de semana, que poderão trazer novas denúncias de corrupção, ou mesmo provas, que comprometam o governo.
O presidente do PTB, Roberto Jefferson, acusou no começo da semana o PT de dar uma mesada a parlamentares em troca de apoio. O tesoureiro do PT, Delúbio Soares – principal envolvido na acusação – negou a compra de votos em entrevista coletiva na quarta-feira, mas alguns deputados do PTB afirmam que Jefferson possui provas da denúncia.
O analista de mercado da corretora Socopa, Paulo Fujisaki, acredita que “pode acontecer alguma coisa mais grave, então o mercado fica apreensivo”.
“Não tem outra coisa preocupando o mercado, interna ou externa, que não seja isso (a política).”
As preocupações com o front político também abateram os títulos da dívida externa brasileira, que exibiam baixa durante o dia. Nesta tarde, o risco-país, medido pelo banco JP Morgan, subia 1%, para 444 pontos-básicos sobre os Treasuries.
Pela manhã, o discurso do chairman do Federal Reserve, Alan Greenspan, ajudou a fortalecer o dólar em relação ao euro e o movimento se refletiu no mercado doméstico. Na máxima do dia, o dólar subiu 1,79%, para R$ 2,505.
Greenspan afirmou que a economia norte-americana não deve experimentar uma desaceleração mais acentuada e que os juros do país devem continuar subindo em ritmo moderado.
Internamente, além do noticiário político, o mercado aguarda para sexta-feira a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio, que pode sinalizar o próximo movimento na taxa básica de juros.