Os efeitos dos bloqueios de caminhoneiros na BR-163, em várias cidades do Nortão, que durou 12 dias ainda são sentidos em Sinop. Mais de uma semana após a suspesão da interdição, o estoque de cimento em diversas lojas de materiais para construção começou a ser normalizado no final de semana. Entretanto, algumas ainda não conseguiram atender toda demanda de clientes.
De acordo com o vendedor de uma empresa, o estoque, que no início do bloqueio era de 2 mil sacos, foi reduzido a 35 unidades, e as vendas estão sendo feitas de forma seletiva. “A gente tem uma carga paga, em Nobres, e ainda não conseguimos trazer. Havia um lote fechado e, desde as interdições, não chegou mais nada. Foi simplesmente acabando (porque caminhões não estavam chegando). A estratégia que adotamos é vender três sacos por cliente e só aqueles que são cadastrados conosco. Por enquanto, ainda não temos uma previsão concreta de quando vai normalizar”, explicou.
O gerente de outro estabelecimento explicou que a empresa conseguiu reestabelecer o fornecimento do material, mas lamentou os prejuízos com os bloqueios. “Agora está normal, mas se voltarem a bloquear, pode faltar novamente. Chegamos a ficar cinco dias sem. Isso é ruim porque, muitas vezes, o cliente se programa para fazer uma reforma, por exemplo, e quando percebe que o material está em falta, acaba gastando com outras coisas e acaba retardando o projeto. Gerou prejuízos para nós, sim”, afirmou.
Por outro, um fonte em outra loja explicou que, apesar de não haver falta de cimento, outros produtos ainda estão chegando. “Ficamos uns quatro dias com dificuldades para trazer as cargas, apesar do destino ser relativamente perto (também Nobres). Durante os bloqueios, recebemos uma carga, que acabou rapidamente. Agora está normal (estoque de cimento). Entretanto, alguns produtos demoram mais para chegar, como piso, e agora que estamos repondo”.
Conforme Só Notícias já informou, os bloqueios dos caminhoneiros e representantes do setor de transportes aconteceram em Sinop, Lucas do Rio Verde, Sorriso, Nova Mutum, Guarantã, Rondonópolis, Campo Verde, Campo Novo do Parecis, Cuiabá e Primavera do Leste. Os manifestantes pediam, principalmente, redução no preço do óleo diesel e aumento no valor mínimo do frete.
As interdições foram encerradas após o ministro Miguel Rossetto, da Secretaria Geral da Presidência, receber, em Brasília, caminhoneiros mato-grossenses que entregaram a pauta de reivindicações da categoria. Foi cobrada tabela de preços mínimos para o frete, prolongamento da dívida dos Finames, dos contratos já firmados, a sanção integral da lei dos caminhoneiros que regulamenta a profissão, sem vetos, redução de 5% do PIS/COFINS sobre o preço do óleo diesel, a ‘liberação’ das multas aplicadas aos representantes do movimento de paralisação, entre outras questões.
Vários setores da economia foram afetados com o protesto dos caminhoneiros. Um deles foi o de combustíveis. Houve falta de gasolina, etanol e diesel em várias cidades. Em Sinop, a maioria dos postos começou a receber cotas de combustível, durante a última semana, para abastecer veículos. Também faltou óleo diesel para atender os produtores que estão colhendo a soja. Os TRRs (revendedores) ficaram sem estoques e os donos ainda normalizam o abastecimento porque muitas carretas que foram carregar em Cuiabá e Alto Taquari ficaram presas nas filas do manifesto, bem como as que 'voltavam' carregadas. Também houve falta de gás de cozinha em algumas revendedoras.