A poucos meses do início do próximo plantio de soja, agricultores da região Norte ainda mostram-se apreensivos com o atual cenário desenhado. Há quem ainda não adquiriu produtos essenciais, devido a dificuldade na obtenção de créditos, em grande parte gerada pelas restrições bem como pelas exigências que precisam atender, como possuir a Licença Única Ambiental (LAU).
Em alguns municípios, embora produtores ainda desenhem no papel a área em que devem destinar a cultura, em Sinop as estimativas do Sindicato Rural apontam que deve se manter na mesma média do ano anterior, aproximadamente 130 mil hectares. Esta é a avaliação do presidente Antônio Galvan.
Segundo ele, para a região, que engloba ainda cidades circuvizinhas, Santa Carmem, Sorriso (parte), Cláudia, entre outras, os números indicam entre 350 a 370 mil hectares. “Em Sinop, pode ser mantida a área devido a dificuldade em acessar o crédito. Alguma destinada a outra cultura pode ser incorporada, mas ficam muitas propriedades sem plantio”, declarou, ao Só Notícias/Agronotícias.
A preocupação também é pela redução de tecnologia. “Muitas propriedades baixarão a tecnologia e o que pode ocorrer é a quebra na média da produtividade. É difícil precisar, mas o agricultor que não coloca adubo pode reduzir entre 30% a 40% sua margem”, acrescentou.
Segundo o sindicalista, não se pode deixar de lado uma possível diminuição no total a ser cultivado. Galvan alerta ainda que agricultores ainda aguardam a liberação do Banco do Brasil para o custearem a safra. Porém, não há confirmação de quando as agências realizarão o procedimento.
Antônio Galvan explica que pode haver atraso no início do cultivo. “Até o momento o dinheiro não foi liberado para o poucos agricultores que deverão buscar (financiamentos). Não entendemos nada e isto afeta todo o ciclo (do plantio)”, ponderou ainda.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), diz que este atraso deve impactar ainda mais no aumento dos preços dos insumos agrícolas. A entidade explica que os produtores não conseguem contratar os financiamentos, cujas taxas anuais de 6,75% no Banco do Brasil, porque o governo precisa autorizar a liberação da equalização, ou seja, diferença entre taxa de juro do crédito contratado e da captação de recursos no mercado, a taxa Selic, em 13% anuais, informa a Gazeta Mercantil.