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Sindicato aponta redução na compra da casa própria em Cuiabá

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A redução de juros bancários e financiamento de até 80% ainda são insuficientes para estimular as compras a prazo de imóveis. Na Capital de Mato Grosso, 455 unidades habitacionais foram financiadas em 2018, até março. O número é 1,76% inferior ao total de 463 imóveis adquiridos a prestações em Cuiabá no mesmo período do ano passado, segundo o Sindicato da Habitação de Mato Grosso (Secovi). Outro aspecto do mercado imobiliário local que chama a atenção é que as 455 unidades financiadas no 1º trimestre deste ano na Capital representam apenas 22,65% do total de imóveis comercializados no período e que chegou a 2,009 mil.

Como um todo, o mercado imobiliário está mais aquecido e a quantidade de imóveis negociados este ano é 1,74% maior que em 2017, revela a pesquisa divulgada pelo Secovi. As operações de financiamento imobiliário movimentaram R$ 150,886 milhões ou 21,56% dos R$ 699,845 milhões investidos na aquisição de casas, apartamentos e salas comerciais na Capital.

Ao realizar a aquisição imobiliária a prazo, a maioria dos compradores (70,76%) optou por imóveis usados. Entre as 455 casas e apartamentos negociados em Cuiabá nos 3 primeiros meses deste ano havia 322 unidades que já pertenceram a outras pessoas, aponta o Secovi.

Sem condições de pagar à vista por um imóvel maior, o casal Michele e Paulo Oliveira teve que optar pelo pagamento parcelado da casa onde residem desde o mês passado. Chegaram a contratar consórcio imobiliário por considerar a opção mais vantajosa, mas após ofertar 2 lances e não serem sorteados, desistiram da ideia. “Com a carta de crédito evitaríamos ficar muitos anos pagando pelo imóvel, que é o que acontece num financiamento normal”, comenta Michele Oliveira, 27. Mas a vontade de mudar logo para uma casa maior levou o casal de contadores a se desfazer de um apartamento que possuía e assim dar entrada no novo imóvel avaliado em R$ 300 mil aproximadamente. “Simulamos os financiamentos e conseguimos aprovação com 2 bancos”, relembra. Juros e prazos são elementos cuidadosamente avaliados pelos investidores ao decidir pela compra de um imóvel.

Ao confrontar alguns indicadores econômicos atuais, o advogado especialista em Direito Imobiliário, Bence Pál Deák, conclui que os patamares atuais de juros continuam muito altos, principalmente ao levar em conta que a previsão de inflação para 2018 é de aproximadamente 3,5% e pouco superior em 2019. Além disso, é preciso considerar que os financiamentos são garantidos pelos próprios imóveis. “Os brasileiros se acostumaram a números incongruentes. É a normalização da anormalidade!”, critica.

O advogado lembra que diariamente se ouve comentários sobre as taxas de juros exorbitantes que são praticadas pelas instituições financeiras, especialmente em relação a cartões de crédito e cheques especiais. “Tente explicar para um americano ou europeu que as taxas anuais de cartão de credito ultrapassam os 400% ao ano. Eles não acreditariam e achariam que você cometeu um engano ou é louco”, compara. Para Deák, a justificativa alegada pelos bancos de que a inadimplência é alta e que os juros incidentes na concessão de crédito refletem isso não convence. “Se a carteira é inadimplente a solução não é aumentar as taxas dos pontuais, mas cortar o crédito dos devedores”, conclui.

Recursos da caderneta de poupança financiaram a aquisição, construção ou reforma de 739 imóveis em Mato Grosso no 1º trimestre deste ano, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Comparado a 2017, as operações imobiliárias contratadas com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) este ano aumentaram 48,99% no Estado. No ano passado, de janeiro a março, 496 imóveis foram objeto de financiamento. As negociações a prazo de imóveis enquadradas no SBPE movimentaram R$ 168,651 milhões nos 3 primeiros meses de 2018, ante R$ 172,506 milhões no mesmo período do ano passado no Estado.

Os principais bancos que operam o crédito imobiliário informam que reduziram as taxas de juros, estimulados pela política de cortes na taxa básica Selic, atualmente fixada em 6,5% ao ano. As menores taxas de financiamento continuam sendo praticadas para os imóveis enquadrados no Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV). Para famílias com renda bruta de até R$ 2,6 mil e que se enquadram na faixa 1,5 do programa é possível adquirir imóvel novo mediante taxas de juros anuais de 4,59% a 5,11%, acrescidas da Taxa Referencial (TR), informa a Caixa Econômica Federal. Neste caso o prazo de pagamento chega a 30 anos.

Famílias com renda bruta de até R$ 7 mil podem ser inseridas nas faixas 2 e 3 do PMCMV para financiar a compra de imóvel novo, aquisição de terreno e construção ou construção em terreno próprio. Nessas faixas são cobrados juros variáveis entre o mínimo de 5,11% e máximo de 8,47% mais TR, com prazo máximo de pagamento em 30 anos.

Condições semelhantes são ofertadas pelo Banco do Brasil para os financiamentos imobiliários no âmbito do PMCMV que contempla imóveis de até R$ 240 mil. O Banco do Brasil também operacionaliza linhas de crédito com recursos do SBPE e do FGTS, com taxas variáveis entre 8,99% ao ano mais TR e 9,35% a.a., com prazos de até 35 anos para pagar e cota de financiamento de até 90% do valor de avaliação ou compra e venda, o que for menor.

Na Caixa é possível tentar financiar um imóvel mediante comprovação de renda bruta a partir de R$ 2,6 mil. As taxas praticadas para os financiamentos imobiliários oscilam entre o mínimo de 4,59% a.a. ao máximo de 11,25% a.a., com prazos de pagamento que alcançam até 35 anos.

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