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Saldo comercial de Mato Grosso atinge recorde em 2018

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Só Notícias/Cleber Romero

Mato Grosso fechou 2018 com o melhor saldo da balança comercial de toda a série histórica, medida pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), desde 2007. De janeiro a dezembro do ano recém-acabado, as exportações somaram US$ 16,171 bilhões, o maior valor dos últimos 11 anos. As importações não bateram recorde e somaram US$ 1,563 bilhão, o que gerou um superavit comercial de US$ 14,608 bilhões, o maior do período analisado. Os melhores números do comércio exterior mato-grossense até então tinham sido registrados em 2013, quando o Estado exportou US$ 15,810 bilhões, importou US$ 1,710 bilhão e obteve um saldo positivo de US$ 14,1 bilhão. O desempenho surpreendente em um ano que ainda foi de crise traz expectativas positivas acerca da retomada econômica do país.

Na comparação com 2017, quando as exportações somaram US$ 14,730 bilhões, o crescimento do último ano foi de 9,7%. As compras no mercado internacional cresceram 11% e totalizaram US$ 1,4 bilhão. Já o saldo comercial saltou 9,5% quando comparado aos R$ 13,330 bilhões de 2017. O valor embarcado a outros países por Mato Grosso no último ano representou 6,7% de todo o volume exportado pelo país, que somou US$ 239,5 bilhões. Foi o 6º maior exportador entre as unidades da Federação.

Na lista de clientes do Estado, a China segue como a principal. Em 2017, o país comprou US$ 4,74 bilhões, saltando para US$ 5,42 bilhões no ano passado, avanço de 14,3%. Com o valor, a participação desse mercado nas exportações cresceu de 32,2% para 33,5%. O Irã se firmou como 2º principal comprador, com negócios de US$ 1,22 bilhão, alta de 35,7% sobre 2017 (US$ 901,7 milhões) e participação de 7,57%. Em seguida se destacam os Países Baixos (Holanda), que compraram US$ 1 bilhão de Mato Grosso, alta de 8,1% sobre 2017 (US$ 926,6 milhões).

O economista Jonil Vital de Souza avalia que o crescimento no volume de exportação, especialmente de grãos, já era esperado, devido ao aumento na produção estadual. “O importante é que outros itens além de soja e milho em grão, como farelo e óleo de soja, também tiveram um resultado bom. Esses produtos industrializados junto com a carne geram um efeito multiplicador na economia, porque criam mais empregos e promovem o aumento da renda. Fora isso, o Estado ainda perde muito com a Lei Kandir (que concede isenção para a cobrança de ICMS na exportação de produtos primários)”.

Ele avalia que o país se favoreceu com a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, o que resultou em crescimento nos envios ao país asiático. “Mato Grosso foi favorecido por essa guerra comercial entre EUA e China. Mas, agora temos um cenário de alerta, que chama a atenção, porque eles podem fazer um acordo e isso afetar o Brasil”, alerta.

A soja, mais uma vez, liderou as exportações de Mato Grosso no ano de 2018 e movimentou US$ 7,8 bilhões entre janeiro e dezembro. O valor cresceu 14,6% perante o ano anterior, com acréscimo de quase US$ 1 bilhão. Naquele ano, os envios somaram US$ 6,81 bilhões. O grão representou 48% das exportações do Estado. Já o milho foi responsável por 18% dos embarques, ao somar US$ 2,89 bilhões. Também cresceu sobre 2017, mas em proporção menor, de 1,4% sobre os US$ 2,85 bilhões contabilizados naquele ano.

Os produtos derivados de soja como farelo e resíduos da extração de óleo são outros com aumento nas exportações estaduais e com participação relevante no volume total. Estes movimentaram US$ 2,37 bilhões, que representou alta de 20,5% sobre o ano anterior, quando somou US$ 1,96 bilhão. A participação deste item cresceu de 13% para 15% na variação anual. O óleo de soja bruto movimentou US$ 196,61 milhões em exportações, crescimento de 20,6% sobre 2017, quando totalizou US$ 163,02 milhões. Para Antonio Galvan, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja), o ano passado favoreceu devido ao volume produzido, embora os preços não tenham valorizado. “ A briga entre China e Estados Unidos também”, pontua. “Mas, o nosso produto também tem teor de proteína mais alto, por conta da luminosidade da nossa região”.

Ele acredita que o ano de 2019 também tende a ser positivo no comércio internacional. No entanto, aponta 2 fatores que trazem temor ao setor. Um deles, é a possibilidade de quebra na produção, por conta da falta de chuvas após o plantio da safra de soja, que já começou a ser colhida no Estado e apresenta queda de até 30% na produtividade. Outro é a sobra de grãos nos Estados Unidos, que tende a ser colocado no mercado a qualquer momento, para liberar espaço de estoque para a próxima safra do país. “Daqui a pouco eles devem entrar em acordo comercial e existe o risco de que tenha muita oferta de soja no mercado, o que pode provocar queda nos preços, mas tomara que isso não aconteça”.

O ano de 2018 não foi tão positivo para a venda de carnes. O envio de carne bovina congelada, fresca ou refrigerada ao exterior caiu 2,9% e fechou com US$ 1,12 bilhão em negócios. Em 2017, o produto gerou US$ 1,16 bilhão. Outros itens, como miudezas de animais (+5,6%) e tripas e buchos (+12,7%) tiveram acréscimo, somando US$ 71,22 milhões e US$ 60,54 milhões, respectivamente.

A carne de frango também reduziu a participação de 1% para 0,82%. Em 2017, o mercado de aves gerou US$ 146,54 milhões e em 2018 foram US$ 131,97 milhões, baixa de 9,9% (menos US$ 14,56 milhões). A carne suína perdeu mercado e o valor caiu de US$ 89,57 milhões em 2017 para US$ 14,54 milhões ano passado, baixa de 83,8%.

Paulo Bellincanta, presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo/MT), revela que o ano foi de perda de mercados, o que levou à baixa na comercialização externa. “Estamos pagando muito caro pela perda de mercado. Perdemos em outubro de 2017 a exportação para a Rússia, que era nosso maior importador. Também tivemos redução no ano passado para o Irã, porque os Estados Unidos fizeram pressão com o embargo”, revela. “O ano todo se apresentou com bons volumes de vendas, mas a preços menores. Outro país com problema grande de preço foi Egito. Abrimos o ano vendendo a tonelada de US$ 3,2 mil a US$ 3,4 mil, e encerramos o ano com US$ 2,7 mil para esse país, que hoje é grande tomador de nosso volume”.

De acordo com Bellicanta, o resultado de vendas de 2018 só não foi pior por conta da alta na cotação do dólar, que tornou o produto mais barato no exterior e mais rentável às empresas exportadoras. “No último ano, as apostas estão voltadas à ampliação da relação comercial e dos volumes para a China, que se consolida cada vez mais como grande importadora, e retorno de outros mercados importantes, como Rússia e Estados Unidos, que poderiam mudar o preço histórico de exportação”.

Para a China, há cerca de 78 plantas em processo de habilitação no país. Em Mato Grosso, o Sindifrigo/MT estima que tenha de 7 a 8 empresas em avaliação, que poderão ser beneficiadas pela reabertura de mercado.

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