O anúncio do Tesouro Nacional de que o governo brasileiro vai recomprar até US$ 20 bilhões da dívida externa fez o risco-país cair mais de 14% nesta manhã.
Durante a tarde, no entanto, o risco diminuiu o ritmo de queda. Às 14h30, o indicador recuava 9,76%, para 231 pontos, após ter chegado aos 220 pontos –menor nível da história do índice, calculado desde 1994 pelo JP Morgan.
O risco-país funciona como um indicador da confiança do mercado financeiro na capacidade de um país pagar sua dívida. Quanto mais alto o risco, maiores são os juros cobrados pelos investidores para comprar títulos desse país.
O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, afirmou ontem que o objetivo principal com a recompra é tirar de circulação os títulos com vencimento até 2010 e os bradies –que foram emitidos pelo Brasil para refinanciar os contratos rompidos pelo país na moratória dos anos 80.
Na prática, essa operação permite o alongamento do prazo médio de vencimento da dívida externa e a redução do estoque.
Segundo o secretário, não há uma meta de compra para esse programa. “Nós vamos trabalhar com as condições de mercado”, disse o secretário.
Levy afirmou que o resgate antecipado faz parte de um programa mais amplo do governo para aproveitar o forte ingresso de dólares registrado recentemente para melhorar o perfil do endividamento público.
“Estamos usando os dólares que estão entrando no Brasil, que o Banco Central comprou, para resgatar uma parte da nossa dívida externa”, disse o secretário.
João Marcus Marinho Nunes, economista-chefe da Ágora Senior, avalia que ao reduzir a sua dívida externa, o Brasil fica ‘menos suscetível a possíveis crises internacionais’.
“Com essa iniciativa, o Tesouro está aliviando ainda mais qualquer risco de contaminação de uma crise externa”, afirmou.
O dólar cai 0,55% nesta tarde, para R$ 2,158 na venda. Para José Roberto Carreira, da corretora Novação, a recompra de títulos do governo não deve necessariamente pressionar a moeda.
“Tudo vai depender muito do próprio Banco Central”, disse Carreira.
Ou seja, segundo ele, se o governo usar as reservas internacionais para recomprar os títulos e continuar atuando aos poucos no câmbio, será mantido o “equilíbrio”.