Os consumidores estão empenhados em pagar as contas este ano. Como revela levantamento de dados do bureau de crédito Boa Vista SCPC (Serviço de Proteção ao Crédito), divulgado pela Federação das Associações Comerciais de Mato Grosso (Facmat), em todo o Estado o índice de recuperação de crédito cresceu 2,7% este ano até outubro, sobre igual intervalo do ano passado. O índice considera as exclusões dos registros de inadimplência no período. Na capital do Estado, a taxa subiu 2,6% pela mesma base comparativa.
O confronto dos indicadores mensais revela que em relação a outubro de 2015, o número de CPFs que recuperaram o crédito no 10º mês deste ano aumentou 4,2% em Cuiabá e ainda mais (5,1%) no Estado. Já em relação a setembro, a alta em outubro foi de 1,1% na capital e 2,5% em Mato Grosso. “Realmente, a gente percebe que as pessoas estão planejando mais a vida financeira, ponderando sobre aquilo que precisam realmente comprar. Se não está precisando deixa o dinheiro para pagar conta”, comenta o gerente geral de uma rede varejista, Gilson Siqueira Camargo. Segundo ele, nas lojas são aceitos todas os instrumentos de pagamento e a empresa mantém um sistema de crediário próprio.
Em Mato Grosso, o índice de inadimplência recuou 1,6% no acumulado dos 10 primeiros meses deste ano, em comparação com igual intervalo do ano passado. Na capital, a taxa permaneceu estável nesta mesma base comparativa. Já no Centro-Oeste, a inadimplência cresceu 2,4% e no país aumentou 0,7%. Para o diretor da Facmat, Manuel Gomes, a predominância do funcionalismo público na capital contribui para essa diferença nos resultados. “Cidades com menor densidade demográfica e maior remuneração sustentada pelo agronegócio contribuem para a inadimplência menor”, pondera.
Para este mês, com o pagamento da 2ª parcela do 13º salário, ele prevê que mais consumidores buscarão pagar contas e recuperar o crédito. “Lá em casa mesmo, estamos reduzindo as contas para conseguir pagar”, expõe o funcionário público, Mário Bezerra, 42. O microempreendedor João Amâncio de Souza, 52, completa que em 2016 só trabalhou para pagar conta. “É só o que a gente faz. O ano foi péssimo e a perspectiva não é boa”, desabafa.
Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o pagamento do 13º salário vai injetar R$ 2,785 bilhões na economia mato-grossense neste fim de ano. O valor é 12,5% superior ao ano anterior, quando R$ 2,4 bilhões foram pagos.