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Queda na safra de algodão em Mato Grosso pode chegar a 10%

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A redução na quantidade de empregos gerados na agricultura mato-grossense pode chegar a 10% este ano. A previsão negativa inicial é motivada pela crise financeira internacional que já refletiu em uma queda de 1,1% na área destinada ao cultivo de soja e de 28,4% na área direcionada ao plantio de algodão na safra 2008/2009 no Estado. Ainda não é possível saber em números quantas pessoas já perderam e que ainda perderão o emprego nas lavouras. O que há de concreto, por enquanto, é que não haverá geração de postos de trabalho na mesma proporção do ano passado.

A área cultivada de soja, por exemplo, baixou de 5,609 milhões de hectares na safra 07/08 para 5,547 milhões (ha) na atual, ou seja, 62 mil hectares a menos e que demandaria contratação de mão-de-obra. Na cotonicultura a situação é mais grave, a redução na área chegou a 151 mil hectares, caindo de 531 mil (ha) no ano passado para 380 mil (ha) este ano. Para as culturas, os representantes das entidades também dizem ser impossível quantificar as demissões, afirmando apenas que elas estão ocorrendo.

No ano passado, o saldo de empregos em Mato Grosso no setor agropecuário fechou positivo em 3,609 mil empregos, diferença entre as 77,821 mil contratações e as 74,212 mil demissões ao longo dos 12 meses. No balanço de 2007, o saldo foi positivo em 2,699 mil postos de trabalho com carteira assinada, uma recuperação em relação às 2,692 mil vagas que foram fechadas em 2006. Mas, mesmo com os dados positivos nos 12 meses do ano, em dezembro, as demissões superaram as contratações no setor agropecuário, que demitiu 8,281 mil pessoas no período, ante uma admissão de 2,330 mil, gerando um saldo de 5,951 mil empregos a menos em Mato Grosso.

O consultor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Luciano Gonçalves, afirma que a previsão de fechamento de postos de trabalho é decorrente da crise de crédito. Ele explica que com a redução de investimentos por parte dos produtores, consequentemente há menos oferta de trabalho nas lavouras, e para não comprometer tanto a rentabilidade, os empresários do campo começam a enxugar os custos e manter empregados com a produção menor é uma despesa a mais.

Gonçalves acrescenta que os dados negativos de novembro e dezembro na geração de empregos em Mato Grosso não são amenizados com os fechamento positivo do ano todo e mais, não se projetam boas perspectivas para este ano. “Estamos em um momento de insegurança. Está tudo indefinido. Isso faz com que o produtor reduza suas intenções de investimento e por consequência o nível de emprego”, diz ao revelar que o governo federal tem de tomar atitudes urgentes no sentido de minimizar os impactos da crise nos empregos.

O diretor-executivo da Associação Mato-grossense de Produtores de Algodão (Ampa), Décio Tocantins, diz que não é possível estimar quantas pessoas possam ter ficado desempregadas do ano passado para cá, mas que seguramente as demissões ocorreram e vão provocar um efeito cascata nos demais setores da economia, como no comércio e na prestação de serviços. “A pessoa que trabalha no campo consome no supermercado, na farmácia. Os mecânicos trabalham mais no reparo das máquinas e com menos produção, os empregos gerados indiretamente também vão reduzir”.

Já o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira da Silva, afirma que no caso da soja, para cada trabalhador empregado outros cerca de sete empregos indiretos são gerados nas cidades nos mais diversos segmentos, já que toda a economia fica aquecida quando o setor produtivo vai bem. Ao contrário, quando está com dificuldades, todos os setores sentem o reflexo.

A redução no emprego só não deve ser tão intensa na pecuária. O consultor da Famato diz que a pecuária é mais resistente e vem de um 2008 considerado bom, já que houve valorização no preço da arroba do boi e a recuperação de mercados internacionais importantes como a União Européia e Rússia. “E agora temos a extinção da etapa de vacinação contra a febre aftosa de fevereiro, que reduzirá os custos com a imunização dos animais”.

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