Lideranças políticas e empresariais conheceram o projeto para construção da Ferrovia Mato Grosso-Pará, esta manhã, na câmara municipal. Ele foi explanado pelo assessor parlamentar e coordenador, Nelson Abdala e o consultor urbanista André Nóbrega. A obra interliga Água Boa até o Porto de Espadarte (PA) – que está em construção -, em trajeto de 1.860 Km. Outro ponto positivo elencado no projeto é o resgate do Araguaia para a produção estadual.
De acordo com Nelson, a ferrovia é uma alternativa para a transformação da logística do Estado. “Com certeza, essa obra é viável e representará a mudança no fluxo de caminhões no Brasil. Todos atualmente descem pelo Sul, não tem Estado que aguente este grande tráfego, por isso está asfixiando a logística do país. Este novo projeto fará com que Mato Grosso tenha um corredor de alto desenvolvimento”, explicou, por meio de assessoria.
Ele acrescentou que a obra para o Estado é fundamental, e resultará em alteração no fluxo de caminhões no Brasil. “Vai virar o país de cabeça para baixo, resolvendo o problema de transporte do Brasil. A última fronteira agrícola de Mato Grosso é o Araguaia e o nosso Estado deixará de ser o fim de linha, para ser um polo na produção”, afirmou.
Ao fazer uma análise sobre as alternativas de exportação atualmente no país, Nelson argumentou que estas são praticamente inexistentes, pois estão longe de todos os portos, que em sua maioria não tem grande profundidade. “A Ferronorte, por exemplo, vai para o Sul, onde os portos estão abarrotados, com 30 km de fila para descarregar caminhões. A BR-153 leva ao Porto de Santarém, onde recepciona navio de até 18 mil toneladas, o que é pouco, pois o Porto de Espadarte prevê chegada de navios com possibilidade de transporte de 500 mil toneladas. O de Mirutuba (PA), no começo da Transamazônica, também está em construção e será limitado”, exemplificou.
Enquanto o Porto de Santarém exportou 900 mil toneladas em 2011, o Porto de Espadarte terá capacidade para exportar três milhões de toneladas anualmente. “Além disso, a Ferrovia MT/PA minimiza as questões ambientais em função da ligação com o Santarém passar por 11 milhões de hectares de parques nacionais. A nova proposta facilita o escoamento dos grãos, exportação dos adubos e agrotóxicos e retorno dos insumos. Atualmente, é necessário dar a volta no Brasil para escoar, encarecendo os custos para os produtores”, alertou o assessor parlamentar.
Para a presidente da câmara, Marilda Savi, o traçado da ferrovia privilegiará o município de Sorriso através da viabilidade econômica e da logística para o escoamento de grãos. “A implantação deste modal em nosso Estado estará diminuindo sobremaneira os custos de produção relacionados ao frete, melhorando a logística e buscando vias alternativas para o escoamento da produção”, frisou, acrescentando que a produção do Município chega a 2,1 milhões de toneladas.
O projeto de ferrovia beneficia diretamente e indiretamente mais de dois milhões de pessoas, resgata o Araguaia, fomenta o incremento da produção agrícola, ocupa áreas antropizadas e a sua construção é barata. Mato Grosso planta anualmente, nove milhões de hectares de grãos. Nas áreas de influência, o Pará tem a possibilidade de implementar mais de 30 milhões de hectares na produção, o que representa desenvolvimento para o país.
O estudo também mostra que futuramente, Água Boa terá interligação com a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), que liga Goiás à Rondônia e é de responsabilidade do Governo Federal. Após a explanação, os palestrantes tiraram dúvidas dos presentes.Grupos russos, americanos e chineses já conheceram o estudo da Ferrovia MT/PA e mostraram interesse em executar a obra. Após a apresentação da proposta para o Governo do Estado e autoridades do Pará, será finalizado o projeto de Parceria Público-Privada (PPP) e realização do estudo de viabilidade para o início das obras.
Além dos vereadores, participaram do evento, lideranças políticas como o prefeito Dilceu Rossato e o vice, Xuxu Dal Molin, produtores rurais, empresários e secretários municipais.