Sojicultores mato-grossenses estimam perdas de aproximadamente R$ 740 milhões na temporada 2011/2012 em decorrência da ferrugem asiática, provocada pelo fungo Phakopsora sp. Estimativa é do presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Carlos Henrique Fávaro, com base na quebra da safra, que chega a cerca de 1 milhão de toneladas em todo o Estado.
Dados do projeto Antiferrugem, da entidade, apontam a ocorrência de 88 focos da doença no Estado entre janeiro e março, o que representa 33,2% do total apurado no país no mesmo período, que contabilizou 265 registros. Goiás aparece na 1ª colocação entre os estados, com 108 casos. "Mas esses dados não são mais reais, uma vez que a ferrugem se alastrou pelo Estado e avançou rapidamente. Dessa forma, o banco de dados deixou de ser atualizado", diz Fávaro comentando que a perda poderia ser maior caso os produtores não aplicassem os fungicidas.
Nelson Piccole é produtor na cidade de Vera (a 486 km de Cuiabá) e afirma que de um total de mil hectares cultivados com a oleaginosa registrou uma perda de 15%, percentual considerado elevado. "Só não foi pior porque esse prejuízo foi registrado na variedade tardia, plantada bem depois. Este ano optei pela soja semiprecoce e tive sorte". Segundo cálculos do produtor, a perda de 15% significa uma redução de 8 a 10 sacas por hectare. "Tomando por base a área cultivada em Sorriso, cidade onde ele mora, que é de 600 mil hectares, por exemplo, seriam 550 mil sacas de soja perdidas".
Piccole já começa a planejar a próxima safra e diz que vai plantar os mesmos mil hectares, já que na propriedade dele não há mais como abrir novas áreas. "Vou aproveitar para travar preços e vender antecipado, aproveitando as boas cotações do mercado atualmente".