O Procon vai passar a segunda-feira reforçando notificações e notificando postos que estavam fechados na semana passada para que os empresários apresentem relatórios com os preços das compras dos combustíveis nas refinarias e com o valor das vendas nas bombas, e também vai começar a cobrar a redução dos 46 centavos do diesel nas bombas. A fiscalização e análise dos relatórios são feitas em parceria com o Ministério Público para coibir aumentos abusivos durante o desabastecimento causado pela greve dos caminhoneiros autônomos, que foi totalmente desmobilizada no final de semana.
O fornecimento de combustíveis nos postos de Sinop não foi normalizado e quem procura gasolina ainda pode enfrentar algumas filas. A previsão, conforme Só Notícias já informou, é que seja restabelecido totalmente até esta quinta-feira (7). Enquanto isso, os preços nas bombas em alguns postos não voltaram ao mesmo patamar anterior ao do início da greve.
O Procon confirmou que na fiscalização da semana passada já havia flagrado aumentos que variavam de 10 a 20 centavos no preço do litro, o que, segundo a diretora do órgão, Juliana Batista, não configura abuso. “Mesmo assim os postos vão ter que se explicar. Esse aumento, ainda que mínimo, nos dá direito a notificá-los para se explicarem”, garantiu a diretora. Juliana explicou que o Procon não é regulador do preço, mas deve fazer a fiscalização. Mesmo sem ser provocado formalmente, os fiscais buscaram e buscam subsídios com documentos para atestar se houve aumento abusivo.
Outra forma de fiscalização é com participação da população, que em nenhum momento foi ao Procon reclamar dos preços. “Os consumidores reclamam muito pelas redes sociais, mas ninguém nos procurou para formalizar uma reclamação. A nossa orientação é para que o consumidor peça a nota fiscal do abastecimento – insista se o posto se negar a dar a nota – e venha até o Procon para analisarmos a situação e conseguirmos o ressarcimento, se for o caso”, orientou Juliana.
A diretora do Procon reforçou que a redução dos 46 centavos no preço do diesel também começará a ser cobrada dos postos, pois, segundo Juliana, já houve tempo de os postos adquirirem o óleo no preço com a redução das refinarias.
No sábado, um dia após a Petrobrás anunciar um aumento de 2,25% nas refinarias, e ainda sem tempo de o combustível com o novo preço chegar aos postos de Sinop, o reajuste já havia sido aplicado nas bombas. De manhã, em um posto na área central, o litro do álcool custava R$ 3,08 e à tarde já estava em R$ 3,16, uma elevação de 2,6%. O litro da gasolina subiu 6%, passando de R$ 4,38 de manhã para R$ 4,65 à tarde.
Mesmo com os preços altos, os consumidores não deixaram de abastecer. No final de semana, havia filas e pessoas usavam até garrafa de plástico para estocar combustível em casa. A funcionária pública Roseli Tomaz conta que precisou abastecer pela primeira vez após a greve e que teve dificuldade para encontrar um posto com gasolina. “Eu não queria abastecer, mas não teve jeito. Também fiquei com receio de acontecer algum imprevisto. Procurei um posto logo no domingo de manhã e não concentrei, até que no mercado me falaram onde tinha e fui lá no fim da manhã”, declarou.
Muito da procura, acredita Roseli, se deve aos boatos que seria deflagrada nova greve ontem à noite. “Aguentei até ontem. Não tinha abastecido em momento algum e meu tanque estava vazio. Tendo em vista os comentários da paralisação, fiquei com receio. Mas só vou usar a moto para o trabalho, as demais atividades eu vou fazer de bike”, explicou.
A empresária Elizabeth Winche também flagrou pessoas estocando gasolina em garrafas e ficou indignada com a situação. “Vi cada absurdo. Em vez de todos se unirem e não abastecer para reivindicar seus direitos como cidadãos, o povo está estocando gasolina em casa, em recipientes proibidos que causam riscos a elas mesmas”, reclamou.