O príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança está em Sinop para uma palestra para os produtores ruais, empresários e profissionais liberais. Agora há pouco ele concedeu entrevista a Só Notícias e disse que que vê com muita preocupação o atual momento da agricultura no Brasil. “Depois de um desenvolvimento recorde de produção extraordinário na safra 2003/2004, nós tivemos essa safra muito prejudicada por vários fatores como a seca no sul e sobretudo pela queda nos preços por causa da defasagem cambial e uma certa queda de preços do plano internacional causada pela China, quando aboliu os návios carregados de soja brasileira. Com isso, os agricultores estão numa situação bastante difícil porque os custos da produção estão superiores ao valor final dos produtos agrícolas e com isso os agricultores não vão poder plantar, porque se plantar, com toda certeza terão prejuízos”, explicou.
Sobre a questão da reforma agrária, o príncipe disse que está na contramão da história. “Nunca houve em qualquer país do mundo, em toda a história, uma reforma agrária que tenha dado certo. Eu desafio qualquer especialista em economia que me cite uma reforma agrária na história que tenha dado certo. A Rússia oficialmente revogou a lei da reforma agrária, reconhecendo como a causa da morte de milhões de pessoas; o México revogou a lei, reconhecendo que foi a causa do atraso na agricultura mexicana; o Chile e Portugal revogaram a lei, Angola também e até a China comunista não só restabeleceu a propriedade no campo como decidiu favorecer o latifúndio e aumentar a produção”, explicou.
“Nesse momento, nós aqui vamos fazer o que fracassou no resto do mundo? Eu considero uma verdadeira loucura”, salientou. Na opinião dele, o governo deveria tomar medidas muito sérias para resolver esta situação. “A principal medida seria uma política de garantia de preços e também acabar com a defasagem cambial. Nós temos uma moeda super-valorizada que prejudica as exportações”, afirmou.
Desmatamento:
Dom Bertrand disse que vê a atuação das ONG’s como “um conjunto de loucos, esquerdistas que não tem nem um pé na realidade. Para eles a natureza pertence a Deus e o homem não tem o direito de tocar na natureza. A natureza não é deusa, Deus fez a natureza para os homens. Nós temos que saber aproveitar, de forma ordenada, séria, as nossas matas. Nessa região aqui de Sinop, senão tivesse o desmatamento, seria uma região de florestas e nunca uma região de progresso espetacular como tem sido. Se não fosse a expansão da nossa fronteira agrícola, o Brasil talvez tivesse produzido o suficiente para alimentar sua população. Hoje produzimos 4 vezes mais do que comemos”, afirmou.
Ele salienta que a agricultura tem garantido a balança comercial, tem salvo a economia brasileira.
Controle de organismos internacionais sobre a Amazônia – “Sou absolutamente contra o controle internacional da Amazônia, que é nossa. Nós é que temos que fazer a nossa política sobre a Amazônia. Fala-se muito que está se queimando a Amazônia. Não é verdade. Com a expansão da fronteira agrícola da Amazônia legal que inclui uma parte da Bacia do Prata, até hoje, desde que Cabral desembarcou no Brasil, foram desmatados em torno de 14%. Não mais do que isso. Portanto 86 a 87% da Amazônia Legal está intacta” concluiu.