A crise dos preços dos alimentos no mundo será o principal tema da Conferência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) sobre Segurança Alimentar, Mudanças Climáticas e Bioenergia, que começa terça-feira (3) em Roma (Itália). Na agenda, discussões sobre a alta dos preços dos alimentos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ontem a Roma para participar do encontro. Na cerimônia de abertura, ele fará um discurso em defesa dos biocombustíveis, apontado como um dos vilões por alguns países na alta dos preços dos alimentos.
Para o presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea), Renato Maluf, a alta do preço do petróleo pode ser apontada como um dos principais responsáveis pela crise alimentar mundial. “Faz parte dessa crise a mais do que duplicação do preço do petróleo. Ele encarece os fertilizantes e, como determina fretes, impacta no preço diretamente”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Maluf afirmou que os Estados Unidos e a União Européia têm de assumir sua responsabilidade na questão. E culpou os subsídios agrícolas pagos por esses países pela dificuldade dos países pobres em competir igualmente com os agricultores europeus e americanos.
“Os Estados Unidos e a Europa, durante décadas, exportaram alimentos a preços subsidiados, desestimulando e comprometendo a produção num grande número de países. Hoje, esses países viraram importadores, quando poderiam muito bem ter produção suficiente para exportar. Estão pagando o preço desse modelo global”, disse o presidente do Consea.
Para ele, nesse sentido, há sim uma responsabilidade das políticas adotadas pelos Estados Unidos e União Européia. “É a posição deles que determina o tipo de acordo que se faz na Organização Mundial do Comércio (OMC)”, completou REnato Maluf.
O encontro da FAO, que termina na quinta-feira (5), reunirá mais de 30 países em torno do tema, que tem sido pauta frequente entre líderes de nações.