Motoristas de Cuiabá e Várzea Grande se assustaram com o preço do etanol hidratado praticado nos postos de combustíveis das duas cidades. Um reajuste de 5% fez com que o preço do litro do produto subisse para até R$ 2,07, ante a R$ 1,97 praticado anteriormente. Este é o maior valor observado nas bombas desde 2007, conforme representantes do setor. No mesmo ritmo, a gasolina também está mais cara, subindo de R$ 2,88 para R$ 2,98 o litro, majoração de 3,4%.
O diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis de Mato Grosso (Sindipetróleo), Bruno Borges, explica que a alta no preço do álcool é reflexo de um reajuste repassado pelas distribuidoras. Ele afirma que este é o terceiro aumento somente neste ano. Conforme ele, a expectativa é que o valor cobrado pelo combustível apresente redução ainda no fim deste mês, quando começa a safra da cana de açúcar no Estado.
Borges destaca ainda que os donos de postos de combustíveis estão trabalhando com uma margem de lucro apertada para não elevar ainda mais o preço do produto aos consumidores. "Alguns distribuidores repassaram aos postos o álcool ao preço de R$ 1,78 o litro. Se incluíssemos os 20% de margem, assegurado por uma liminar, o preço do combustível chegaria R$ 2,19", argumenta o empresário.
O proprietário de uma distribuidora de combustível, Carlos Simarelli, também reafirma que a margem de revenda está pressionada. Para ele, o preço do álcool sofrerá nova redução até o fim do mês. Segundo ele, a margem de lucro para os donos de postos considerada satisfatória seria entre R$ 0,35 e R$ 0,40 por litro. "Mas por enquanto a média está entre R$ 0,20 e R$ 0,23, por litro". Simarelli afirma que o preço mais alto do combustível para as distribuidoras foi repassado pelas usinas do Estado nos últimos dias.
Sobre o reajuste no valor praticado pela gasolina ele explica que é decorrente da majoração no preço do álcool, que compõem o derivado do petróleo. "Como a gasolina tem 25% de álcool anidro em sua composição é inevitável que se tenha reajuste quando o preço do etanol também sobe".
De acordo com o gerente de uma outra distribuidora, Tadeu Ramos, há pouca oferta do álcool no mercado. "É por isso que as usinas aumentaram o preço do etanol". Ele também avisa que o combustível sofrerá novo aumento, podendo chegar até R$ 2,20 no varejo. Ramos explica que, normalmente nesta época, o preço do combustível apresenta redução. "Acreditamos que o início da safra da cana terá atraso".
O diretor executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso (Sindálcool), Jorge dos Santos, argumenta que a oferta do álcool está aquecida. Ele revela que não há problema de abastecimento por parte das distribuidoras. "Produzimos na safra passada 63% de álcool e 27% de açúcar". Sobre o aumento dos preços, ele afirma desconhecer os motivos. "O que podemos dizer é que não estamos com falta do produto e que o plantio será antecipado para a segunda quinzena de março, ao invés do início de abril".
Nos postos de combustível, além dos consumidores, o aumento assustou até mesmo os gerentes e frentistas dos estabelecimentos. Para o responsável de uma unidade em Cuiabá, Hugo Arima, a alta gerou muitas reclamações dos clientes. Ele afirma que, em razão do reajuste os clientes estão preferindo abastecer com a gasolina. "Antes 60% dos consumidores abasteciam com etanol, com a alta caiu para 50%".
O comerciante Marcos Antônio de Almeida comenta que até o momento não havia pensado em abastecer com a gasolina. "Em função do preço atual do etanol, vou acabar optando pelo outro combustível". O vendedor Cicero Camargo, também revela que no próximo abastecimento poderá optar pela gasolina.