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‘Prato feito’ sobe mais de 16% puxado pelo feijão

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A inflação sobre o famoso “prato feito” atingiu 16,75% no acumulado dos últimos 12 meses, encerrados em junho. O produto que puxou a alta foi o feijão-carioca, que subiu 100,93% no período, seguido da batata-inglesa, que ficou 68,58% mais cara.

O aumento prejudica principalmente aquelas pessoas que precisam almoçar fora de casa. A tendência é que os preços recuem no próximo ciclo produtivo, para o qual as previsões estão menos pessimistas se comparadas ao desequilíbrio climático que afetou várias culturas na safra 2015/2016, resultando em redução na oferta e na disparada dos preços. Os dados são do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre).

Embora a inflação sobre os alimentos esteja refletindo no preço nas gôndolas, parte dos consumidores continua a se alimentar fora de casa. É o caso do técnico em eletrônica, Alexsey Germano, 34, que gasta entre R$ 250 e R$ 300 por mês com refeições. “A vantagem é que no local onde trabalho o restaurante é conveniado, o que não refletiu no valor que gasto com alimentação”. Ele avalia que apesar do aumento nos preço, ele depende do serviço dos restaurantes pela praticidade.

Para o pesquisador do FGV/Ibre, André Braz, o aumento no preço dos alimentos que compõem o prato feito dos brasileiros é resultado de problemas climáticos, que influenciaram na oferta de alimentos. Dos 12 itens pesquisados pelo instituto, 7 estão diretamente relacionados aos efeitos climáticos, sendo eles: arroz, feijão-carioca, feijão-preto, alface, bata-inglesa, cebola e tomate.

Destes produtos, somente a cebola e o tomate tiveram deflação de 35,11% e 15,69%, respectivamente no período analisado. E apenas 1 depende da composição de mercado, com retenção de poedeiras, que são os ovos,17,96% mais caros.

Outros 3 produtos analisados são elaborados ou semielaborados, sendo que a farinha de mandioca foi a que teve maior aumento, de 37,01% em 12 meses até junho. O frango inteiro acumulou inflação de 12,02% e carnes bovinas subiram 8,20%. André Braz explica que o levantamento mostra que a inflação incidiu sobre o que é básico para o consumidor. “Junto aos problemas climáticos, outros fatores pressionaram a inflação como os aumentos de custo de produção ou processamento dos alimentos pesquisados”.

O pesquisador relata que no caso de produtos que possuem safra de maior duração, os preços costumam demorar a retrair. Já os itens com safra de menor duração, como cebola e tomate, acabam apresentando uma variação de preço mais perceptível em menos tempo para o consumidor.

Enquanto a inflação sobre os alimentos que compõem o “prato feito” acumularam alta de 16,75% nos 12 meses encerrados em junho, os restaurantes têm segurado os reajustes integrais para não afugentar ainda mais os consumidores. Em 2015, a retração do movimento no setor foi de 20% conforme estima o Sindicato Intermunicipal dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Mato Grosso (SHRBS).

O presidente da entidade, Eduardo José de Magalhães, pontua que a maior parte do valor inflacionado dos alimentos tem sido assimilada pelos restaurantes. “Há 2 anos os restaurantes registram constante retração e os empresários têm feito verdadeiros malabarismos para evitar o encerramento da atividade, que para muitas empresas foi inevitável”.

Entre os malabarismos apontados por Magalhães está o enxugamento de despesas que passa, principalmente, pela demissão de colaboradores. “Também estamos substituindo produtos e dando preferência a fornecedores com maior poder de negociação”. Outra situação que é rechaçada pelo presidente é o aumento estimado em 12% da informalidade no segmento de alimentação.

“Muitos mantêm a ilusão de que a saída no momento do desemprego é empreender no ramo da alimentação. Mas o problema reside na informalidade que prejudica o mercado e não contribui com a sociedade. Entendo que todos precisam achar uma maneira de conquistar o pão de cada dia, mas a concorrência fica desleal”.

Diante desta perspectiva de segurar o reajuste inflacionário, o empresário Bruno Leonardo Oliveira, 36, disse que não tem conseguido mais manter os valores antigos e que a partir da próxima semana vai acrescentar 15% ao valor cobrado do consumidor. “Penso que este aumento não vai afugentar o cliente porque ainda é compatível ao público que consome meus serviços”. 

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