A crise internacional que assustou comerciantes e consumidores no final de 2008 ficou para trás, o que deve resultar em um Natal com grande movimento no comércio em todo o Estado. A previsão otimista é da Federação do Comércio, Bens e Serviços de Mato Grosso (Fecomércio-MT) que aponta a injeção de aproximadamente R$ 714,7 milhões na economia local com o pagamento do 13º salário. O valor é 5% superior ao do ano passado que, por sua vez, já apresentava um crescimento de 13,4% em relação ao volume registrado em 2007. Para Roberto Peron, vice-presidente da Fecomércio, este crescimento é proporcional ao aumento salarial, mas pode ser muito maior. “Não trabalhamos com previsões maiores porque, apesar de não termos tido crise, houve uma desaceleração no comércio”.
De olho em um Natal gordo os lojistas já estão investindo no estoque apesar de ainda considerarem ser um pouco cedo para dar início às promoções e campanhas publicitárias de cunho natalino. “Ainda em setembro as empresas começam a se preparar nas compras. Os pedidos já foram feitos às indústrias e, até o dia 30 de setembro, quem não fez suas encomendas ficará sem produtos e estoque porque as fábricas já estão trabalhando a todo vapor para suprir essa demanda de final de ano”, salientou Peron.
As contratações temporárias, outra medida que movimenta a economia no final do ano, deverão começar a ser feitas nos primeiros dias de outubro. “Empresas de pequeno porte devem atrasar um pouco, mas as de médio porte já estão em busca de mão-de-obra para trabalhar no período natalino”, frisou o vice-presidente da Fecomércio. “Natal é Natal, passa longe de qualquer crise. Mesmo quem não tem muito dinheiro acaba se motivando e sempre compra alguma coisa”.
Paulo Salem, presidente da Associação dos Lojistas do Centro Histórico de Cuiabá (Achicba), disse que as primeiras reuniões dos lojistas para pensar o Natal devem começar a acontecer dentro de duas semanas. Segundo ele ainda não há estimativas quanto ao aumento nas vendas e no movimento das lojas na área central da cidade, mas Salem acredita que os lucros serão maiores que no ano passado porque o fantasma da crise, que tornou o consumidor receoso, já não existe mais e tudo favorece um bom período de compras.
Otimismo nacional – Em todo o país o comércio também se prepara para um Natal de boas vendas depois de passado o período de crise. A previsão é que sejam despejados na economia até dezembro R$ 140 bilhões, cerca de 20% a mais que no ano passado. Além do pagamento do 13º salário a maior oferta de crédito ao consumidor está entre os fatores responsáveis por este incremento. Muitas lojas já ampliaram em até 20% as encomendas de eletrodomésticos, eletrônicos e itens de informática.
A Zona Franca de Manaus (AM), principal polo de produção de bens duráveis do país, anunciou a contratação de 3 mil trabalhadores temporários neste fim de ano, um contraste ante as 7 mil demissões de trabalhadores efetivos no final do ano assado. Com a crise de crédito que estourou em setembro, o cenário no fim de 2008 era exatamente o inverso do atual, com demissões na indústria e reduções nas encomendas do varejo.
Estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que o pagamento do 13º salário deve injetar R$ 75,8 bilhões na economia do país até dezembro. Marcio Pochmann, presidente do Ipea, argumenta que os cálculos incluem 60,5 milhões de assalariados e 15,3 milhões de aposentados e pensionistas da Previdência. Pela dificuldade de obter dados, ficaram fora da estimativa os trabalhadores informais que recebem 13º.