A pesquisa desenvolvida há 14 anos pela Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), revelou a viabilidade de se introduzir novas espécies para reflorestamento na região, gerando dividendos econômicos e em substituição a outras variedades já utilizadas pelo setor produtivo. O trabalho do engenheiro florestal Eliasel Vieira Rondon revelou os aspectos da seleção de espécies florestais para o Norte de Mato Grosso e mensurou, por exemplo, a adoção da Fava Barriguda, Tatajuba e a Peroba-Mica como opções para a atividade, em substituição às tradicionais madeiras já utilizadas como a Teca.
O experimento conduzido no Centro Tecnológico de Pesquisa e Desenvolvimento, no bairro Alto da Glória, em Sinop, avaliou o desempenho de 30 espécies, sendo 23 nativas e 7 exóticas. Conforme Eliasel, objetivou-se averiguar o desempenho do diâmetro altura do peito (DAP), altura total, volume de madeira, índice de mortalidade e ocorrência de pragas e doenças.
Ao todo, foram submetidas a avaliação 2.250 plantas. A pesquisa também verificou a interferência de solo, clima e ataque de fungos e pragas. “As espécies com problemas fitossanitários, exigentes em condições de solo e alto índice de mortalidade não devem ser plantadas em larga escala na região Norte de Mato Grosso”, acentua Rondon, em sua pesquisa.
“Sem dados completos dos parâmetros silviculturais não é aconselhável efetuar um reflorestamento puro, utilizando somente uma espécie, como está ocorrendo na região, constituindo um ecossistema instável”.
Após 14 anos a pesquisa identificou que as espécies com maior índice de mortalidade foram a Guapuruvu (100%), Teça (93,3%), Cinamoma (90,6%), Ipê roxo (88%), Paricá (88%), Cerejeira (68%), Marupá (62,6%), E.Citriodora (73,3%), Cedrinho (53%), Pinus (45,3%), E.Grandis (42,6%), Sumaúma (40%).
Na contramão das estatísticas, a Aroeira (1,3%), Seringueira (2,6%), Fava Barriguda (5,3%), Tatajuba (5,3%), Peroba mica (8%) detiveram as menores taxas de mortandade.
“Muitas das espécies necessitam de um solo com boa fertilidade, em especial a Teca, Cinamomo, Pinus e Ipê. As que estão se destacando em crescimento e resistência ao ataque de doenças e pragas são a Fava Barriguda, Bajão, Peroba mica, Castanha do Brasil”, contextualiza o pesquisador.
Segundo Eliasel Rondon, os resultados alcançados mediante os estudos podem direcionar o mercado do reflorestamento. “O produtor ou empresário, no momento de resolver implantar um reflorestamento, deve primeiramente consultar um profissional da área e estar ciente da condição de solo e clima da região. Fazer plantio de uma espécie só é investimento perdido devido sua fragilidade em doença e pragas caracterizando um ecossistema instável”, fala.
“Espécies com índice de mortalidade acima de 40% com dez anos de idade é inviável. Em plantio comercial sempre ficar atento com o volume dessas espécies a serem plantadas”, pondera.
Em Mato Grosso a silvicultura encontra-se em fase embrionária cobrindo menos de 0,2% do território. Os primeiros plantios começaram ainda na década de 70 visando atender as demandas de carvão vegetal, lenha e outros. São 100 mil hectares em que a Teca, a Seringueira (produção de látex) e o Eucalipto predominam nos plantios. Deste total, 43% dessa área concentram-se nos municípios de Cáceres, Paranatinga, Itiquira e Rondonópolis.