“Os impactos da crise ainda não refletiram nas exportações, porém a indústria já sente alguma retração. Mato Grosso será afetado, mas em 2009 é que teremos o ‘raio-x’ deste cenário”, avalia o 1º vice-presidente do Sistema Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Sistema FIEMT), Jandir Milan. Nesta quarta-feira Milan repassou os dados da balança comercial do Estado que somam, até outubro, US$ 6,79 bilhões. O valor é US$ 1,66 bilhão superior ao total exportado no ano de 2007, mantendo o índice de crescimento de 58% em relação ao mesmo período do ano passado.
“Por conta da crise mundial, registraremos queda na demanda, volume das exportações, porém a compensação será em Reais”, complementa o vice-presidente. Até outubro, Mato Grosso já acumula um superávit na balança comercial de US$ 5,6 bilhões, valor 52% maior do que no ano passado. Os números apontam contraposição frente à queda de 39% do saldo comercial do país (US$ 20,8 bilhões no mesmo período), além de mostrar a expressiva contribuição estadual de 27% para o superávit nacional. “A meta prevista para as exportações de Mato Grosso em 2008 era de R$ 7 bilhões, mas com o registro deste mês, nossa perspectiva é que a cifra chegue a R$ 8 bilhões. Tal fato comprova que a crise mundial ainda não afetou o comércio exterior estadual”
O Estado continua ocupando a 10ª posição no ranking nacional, possui 4% de participação nas vendas externas do país e mantém o percentual de 54% das exportações da região Centro-Oeste. Nas exportações do agronegócio, no entanto, Mato Grosso ocupa a 4ª posição, perdendo apenas para São Paulo, Paraná e o Rio Grande do Sul. A União Européia e a Ásia ainda são os principais destinos das exportações estaduais, respondendo por 42% e 36% do total, respectivamente. A China, com 22% individualmente, lidera o ranking, seguida da Holanda e da Espanha com 15% e 9% respectivamente.
As importações já acumulam US$ 1,18 bilhão, valor que representa um crescimento significativo de 95,3% frente ao mesmo período do ano passado (US$ 603,16 milhões). “Importar significa reduzir o custo da produção. Para se ter uma idéia, um empresário consegue comprar máquinas e equipamentos no exterior pela metade do preço e essa diferença transforma-se em investimento para a indústria”, pontua Milan. De acordo com ele, o processo de importação é cultural, e os industriais mato-grossenses estão melhorando essa percepção. “Os empresários estão importando e tendo uma visão mais ampla do comércio exterior como ferramenta para a competitividade”.
O vice-presidente ressalta ainda que as missões empresariais promovidas pela Fiemt têm colaborado muito para essa quebra de paradigmas do empresariado local. “Já promovemos cinco missões à China e estamos elaborando outras para 2009. Um dos destinos previstos é Hannover, na Alemanha, onde ocorre a feira pioneira em tecnologia, inovação e automação do mundo. Com absoluta certeza, será mais um dos locais onde os empresários mato-grossenses poderão aperfeiçoar conhecimentos e fechar novos negócios”.
Os principais fornecedores externos do Estado foram, pela ordem, a Rússia e a Belarus com 30,8%, o Canadá com 12,8% e os Estados Unidos e Israel com 7% cada, seguidos de diversos outros com menores participações. Segundo o assessor econômico da Fiemt, Carlos Vitor Timo, as ‘perdas cambiais’ registradas nos meses anteriores, agora com a maxidesvalorização do real, foram anuladas, convertendo-se em ‘ganho cambial’ de R$ 2,5 bilhões, pela desvalorização de 20,6% do real frente ao dólar.
As exportações de soja-grão e derivados totalizaram US$ 4,95 bilhões, registrando aumento de 88,8% em relação a 2007. Respondem por 72,9% do valor das exportações estaduais, continuando a recuperação de sua participação, dado que no mesmo período de 2007 representavam 61,2%. O valor exportado de soja-grão dobrou em relação a 2007, chegando a US$ 3,47 bilhões, embora com aumento de apenas 25,9% na quantidade física exportada, em função da forte elevação de 58,9% no preço externo do produto.
O farelo e o óleo de soja registraram aumentos de 65% e 71% no faturamento, respectivamente, mesmo com aumento de apenas 6% e 4% no quantum exportado, também explicado pelo aumento de 55% e 64% nas cotações internacionais. Mato Grosso contribuiu com 35% do volume físico exportado de soja-grão do país, no acumulado janeiro a outubro, 27% do farelo de soja e 18% de óleo de soja.
CARNES – A carne bovina lidera em valor e em volume exportado, atingindo US$ 613,27 milhões de faturamento e quantum físico de 164,4 mil toneladas, registrando incremento de 24,6% em valor, mesmo com a queda de 10,7% em volume exportado, dado o aumento de 39,5% na cotação internacional do produto. Mato Grosso contribuiu com 13,6% do volume exportado pelo país. “Esta número está bem aquém do nosso potencial, pois no Estado temos o maior rebanho comercial do país e um parque frigorífico bem estruturado”, comenta o assessor econômico.
As vendas externas de carnes de aves registraram incrementos expressivos de 95% no faturamento e de 30% no volume físico, por conta do aumento de preço de 50% em relação a outubro de 2007. A carne suína continua com redução de 46% no volume físico comercializado, o que resulta na queda de 18% no faturamento, mesmo com o aumento de 52% no preço internacional do produto. “Mantivemos também o registro das exportações de pescado, pelo elevado potencial do Estado e por ter entrado em operação, em Sorriso, um frigorífico com capacidade de 360 toneladas mensais, que deve vender parte dessa produção no mercado internacional, brevemente”, ressaltou Timo.
As exportações desse grupo, que compreende milho, algodão, couro e açúcar, também importantes no comércio exterior do Estado, superaram a cifra de US$ 750 milhões, havendo um aumento de 3% em relação ao mesmo período do ano passado.