Um levantamento realizado pelo Serviço Social da Indústria (Sesi), em 84 empresas de Mato Grosso, revelou um importante indicador social para o Estado: o índice da qualidade de vida do trabalhador da indústria, que atingiu um resultado global de 57,2% e representa um nível médio de satisfação com as condições de vida dentro e fora do ambiente de trabalho. Para chegar a este dado, foram avaliados nove indicadores: Habitação, Saúde, Acesso a Educação, Saúde e Segurança no Trabalho, Escolaridade, Remuneração e Benefícios, Consciência e Responsabilidade Social, Satisfação com o Ambiente e Gestão no Trabalho e Presenteísmo. Participaram da pesquisa 3.379 trabalhadores, com base em suas percepções diante dos questionamentos.
Além de Mato Grosso, participaram da pesquisa indústrias do Paraná, Amazonas, Paraíba, Rondônia, Ceará, Roraima e Distrito Federal. Embora tenha atingido um índice global de qualidade de vida mediano e maior que o apresentado por Roraima e Distrito Federal, respectivamente 57% e 53,6%, o resultado de Mato Grosso ainda está abaixo do que é considerado ideal, que é atingir o percentual de 100% de satisfação. Entre os estados pesquisados, o Paraná foi o que obteve o maior índice, alcançando 62,8%.
Dos quesitos avaliados dentro do ambiente de trabalho nas indústrias de Mato Grosso, a saúde e segurança mostraram-se uma das maiores preocupações das empresas. O afastamento do trabalho por doenças ocupacionais apresentou uma média de 3,81 dias, enquanto que o pior índice verificado nas indústrias de outros estados foi de até 65 dias. A prevalência de acidentes no trabalho, que mensura a qualidade da segurança ocupacional dos trabalhadores, constatou 57,57 acidentes a cada mil trabalhadores/ano, alcançando um índice de 58,88% de satisfação, resultado mediano se for considerado que o cenário ideal é a ausência total desses casos na empresa.
A pesquisa também mostrou que o trabalhador mato-grossense tem, em média, 9,7 anos de estudo, o que representa um índice de 47,49% de satisfação. Mesmo estando acima da média nacional de 6,9 anos de estudo, estipulada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) em 2008, o resultado de Mato Grosso está 6,3 anos abaixo do tempo considerado o ideal: 16 anos de estudo, período que inclui o ensino fundamental, médio e superior.
O grau de satisfação dos trabalhadores com a sua remuneração foi 2,83, atingindo um percentual de 45,83%, em uma escala que vai de 1 a 5 graus. Já a satisfação com o ambiente e a gestão no trabalho atingiu um patamar maior, de 3,15, representando 53,7% na escala que vai de 1 a 5. A pesquisa foi feita com base na metodologia utilizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) na elaboração do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Para o superintendente do Sesi-MT, Luiz Augusto Moreira da Silva, estes resultados mostram que as empresas mato-grossenses têm um longo caminho a percorrer para melhorar a qualidade de vida de seus trabalhadores. “Já foi comprovado que a satisfação dos funcionários está diretamente relacionada ao sucesso de qualquer negócio, seja aumentando as vendas de um comércio ou elevando a produtividade dentro de uma indústria. Por isso, é fundamental que os empresários saibam que investir na qualidade de vida de seus funcionários é garantir a sustentabilidade de seu empreendimento”, pontua.
Em Mato Grosso, a pesquisa foi realizada em março e abril deste ano, com indústrias de pequeno, médio e grande portes, dos setores Extrativismo Mineral, Indústria de Transformação, Construção Civil e Serviços Industriais. Participaram indústrias de 22 municípios, sendo: Cuiabá, Várzea Grande, Tangará da Serra, Sinop, Rondonópolis, Juína, Pedra Preta, Cáceres, Sorriso, Chapada dos Guimarães, Campo Verde, Lucas do Rio Verde, Jangada, Pontes e Lacerda, Dom Aquino, Nova Mutum, Mirassol d”Oeste, Matupá, São José do Rio Claro, Araputanga, Juara e Nova Olímpia.
RESULTADOS POR PORTE – As indústrias de grande porte apresentaram o maior índice global de qualidade de vida do trabalhador, dentro e fora do trabalho: 57,75% de satisfação. Em contrapartida, os trabalhadores das grandes empresas são os menos satisfeitos com a remuneração recebida, alcançando 53,09% neste indicador, ficando atrás do percentual de 59,36% das empresas de médio porte e de 58,25% das empresas pequenas. O índice global de qualidade de vida do trabalhador das empresas de médio e pequeno porte foram respectivamente 57,64% e 52,77%.
RESULTADOS POR SETOR – Entre os quatro setores avaliados, o que apresentou maior índice global de qualidade de vida do trabalhador foi o ramo Serviços Industriais com um percentual de 59,22% de satisfação. Em seguida vem o setor Indústria de Transformação com 57,36%, a Construção Civil com 55,71% e, por último, o ramo Extrativismo Mineral com 49,61%. Todos os setores apresentaram baixos índices de satisfação nos indicadores Consciência e Responsabilidade Social e Satisfação com o Ambiente e Gestão no Trabalho. Os menores percentuais foram das empresas do ramo Extrativo Mineral com apenas 24,63% na Consciência e Responsabilidade Social e o setor Serviços Industriais com 25,34% no indicador Satisfação com o Ambiente e Gestão no Trabalho.
De acordo com o superintendente do Sesi-MT, o estudo detectou os cinco principais desafios para a promoção da qualidade de vida dos trabalhadores na indústria: reduzir o absenteísmo, o presenteísmo e os acidentes e doenças relacionadas ao trabalho; aumentar o nível educacional do trabalhador e a adoção de práticas socialmente responsáveis. “Além de mostrar a atual realidade do setor industrial do Estado em relação à qualidade de vida do trabalhador, os resultados nortearão a atuação do Sesi-MT para que haja a melhora contínua dos índices mensurados e, assim, contribuirmos para a maior produtividade da indústria”, finaliza Luiz Augusto. A pesquisa ocorrerá periodicamente e, em 2011, será realizada nos estados que não foram contemplados nesta primeira etapa.