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Ministro descarta apagão nos próximos dois anos

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O ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, disse hoje,) que apesar das recentes quedas nos níveis dos reservatórios o Brasil não sofrerá apagão de energia nos próximos dois anos. “Temos situação bastante diferente de 2001. Não há motivo para alarde”, afirmou, em entrevista coletiva.

Segundo ele, o “grande período de chuvas” começou há apenas dez dias e as previsões meteorológicas indicam uma média pluviométrica “normal” até abril. De qualquer forma, Hubner informou que o funcionamento das térmicas desde dezembro é uma medida preventiva suficiente para garantir a demanda.

Para o diretor da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Pinguelli Rosa, o racionamento só será necessário se o volume de chuvas não se normalizar. “Se continuar a situação de pouca chuva por um período de muitos meses, [poderá haver apagão] sim”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.

Pinguelli, que é também secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, acredita que a situação deverá acabar encontrando o equilíbrio, de forma razoável. Ele destacou que a ligação das usinas termelétricas, como foi autorizado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), não se prende apenas a um fator imediato, porque a situação já está ficando desconfortável em razão do baixo nível dos reservatórios.

“É também para a proteção do período que vai daqui a um ano até daqui a dois anos”, alertou. Esse é o período mais difícil, avaliou Pinguelli.

Em relatório enviado no final do ano passado ao Ministério de Minas e Energia, à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e ao ONS, a Coppe já demonstrava sua preocupação com o problema, uma vez que havia falta de gás para atender às usinas térmicas.

Nesse documento, foi recomendada ao governo a adoção de um plano de racionalização do uso de energia, contendo medidas que levariam ao mesmo resultado com menos energia.

Luiz Pinguelli Rosa observou que esse plano de racionalização difere do “racionamento puro”. Ele prevê a adoção de algumas medidas que foram tomadas em 2001, quando ocorreu a crise no abastecimento.

Entre elas, destacou a mudança de lâmpadas incandescentes por fluorescentes, que fazem a mesma iluminação e poupam energia; o estímulo aos consumidores para que evitem o desperdício; a mudança de equipamentos pelas indústrias, financiada pelo próprio governo. Segundo Pinguelli, “a racionalidade evita o desperdício mais adiante”.

“Eu sugeri que [o plano] seja adotado desde já. Eu acho melhor em vez de racionamento fazer essa racionalização. Quer dizer, buscar medidas econômicas e tecnológicas e de controle de desperdício que permitam você ter o mesmo resultado, sem prejudicar nem a economia nem o conforto das famílias e, ao mesmo tempo, gastar menos energia elétrica”, concluiu.

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