O ministro da Agricultura, Neri Geller, pediu hoje (26) ao governo do Irã que o país suspenda o embargo à carne bovina produzida no estado de Mato Grosso. O embargo se deve a um caso de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), popularmente conhecido como doença da vaca louca, em um animal no estado. Geller se reuniu hoje como o ministro da Agricultura iraniano, Mahmoud Hojjati.
"Pedi ao ministro Hojjati que seja suspenso esse embargo, uma vez que o motivo alegado para essa suspensão não configura risco à saúde pública. Estou confiante de que, após esse encontro e os avanços nas reuniões técnicas entre os dois países, a situação será normalizada o quanto antes”, disse Geller, segundo informações divulgadas no site do ministério.
De acordo com a pasta, Hojjati vai trabalhar pela liberação das vendas da carne brasileira e deixou a delegação brasileira otimista. Outro pedido feito ao ministro iraniano é a celeridade na liberação da carne retida no porto iraniano. Os representantes do Brasil e Irã se encontraram na 82ª Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em Paris. Geller sinalizou positivamente sobre uma visita ao Irã para estreitar as relações entre os dois países.
Exames realizados no Laboratório Nacional Agropecuário de Pernambuco já haviam concluído que o tipo da doença registrado em Mato Grosso é um caso atípico, quando a doença surge de forma esporádica e espontânea, e não está relacionado à ingestão de alimentos contaminados. O caso clássico, o mais perigoso, envolve contaminação por intoxicação alimentar e, segundo o ministério, não há indícios de que isso tenha ocorrido.
Para confirmar que o caso é atípico, foram identificados 49 animais nascidos um ano antes e um ano depois do registro do caso de vaca louca. As amostras de todos deram negativo para a doença. O resultado ajudou o ministério a concluir que a vaca contraiu a doença por velhice e não por intoxicação.
O laboratório de Weybridge, do Reino Unido, considerado referência pela OIE para análise desse tipo de caso, já informou ao ministério que todas as características do caso EEB indicam se tratar de um caso atípico. Ainda não há, porém, um diagnóstico conclusivo que possa ser usado para classificá-lo de forma inequívoca.
Além do Irã, o Egito e Peru suspenderam o comércio da carne brasileira. O país sul-americano restringiu a entrada de carne oriunda de todo o país, diferentemente do Egito e Irã, cujo embargo vale apenas para produtos de Mato Grosso.