O Ministério do Transportes reconheceu a necessidade de investimentos nos modais ferroviário e hidroviário para dar mais agilidade no transporte e concorrência aos grãos produzidos em Mato Grosso, na Pesquisa Nacional de Tráfego com ano base 2011, divulgada somente agora. Só Notícias teve acesso ao documento, no qual é destacada a BR-163, nas cidades de Sorriso, Rondonópolis e Rosário Oeste, onde foram estabelecidos pontos de levantamento, sendo frisado ser de “suma importância para o escoamento da produção dessa região, o que demanda veículos de carga de maior porte”.
No relatório, é destacado que “essa região carece, atualmente, de sistemas ferroviários ou fluviais que possam atender principalmente ao transporte de granéis sólidos vegetais, encurtando as distâncias do transporte rodoviário dessas commodities. Assim, verifica-se, com os dados de campo, que essa rodovia, nessa região, é extremamente solicitada por viagens realizadas por caminhões, principalmente os semirreboques especiais e os reboques”. Somente a última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta para quase 50 milhões de toneladas nesta safra.
No documento, foi destacado que as viagens de caminhões semirreboques especiais apresentam-se em maior volume para uma semana na BR-163, Mato Grosso, especificamente em postos como Rosário Oeste e Rondonópolis, com volume de tráfego de aproximadamente 23 mil viagens.
Desde o ano da pesquisa o governo avançou pelo menos no modal ferroviário. Há o planejamento para concessão 950 quilômetros de Sinop a Miritituba (PA). Entidades do agronegócio, com a Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), têm defendido a construção de ferrovia para escoar parte da produção de soja, milho, algodão, carne e madeira do Médio Norte. O ex-presidente Glauber Silveira, já chegou a declarar que os estudos apontam investimentos de R$ 6 bilhões e com o potencial de escoar 30 milhões de toneladas até 2020.
Está em estudo também a ferrovia Transoceânica, com previsão de formar um corredor de escoamento entre os oceanos Atlântico e Pacífico, com expectativa de terminal em Lucas do Rio Verde. Ela partiria do Peru, passando pelo Acre, Rondônia, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro, , em mais de 4 mil quilômetros. São estimados pelo menos R$ 30 bilhões em investimentos para agilizar o escoamento da produção agrícola, principalmente a mato-grossense.
Sobre hidrovias na região pouco se avançou, mas há cobrança da classe política. Já existe um estudo de viabilidade da Hidrovia Teles Pires-Tapajós, realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no qual foi constatado que os dois rios que dão nome à ele e que cortam do Pará e Mato Grosso possuem boas condições de navegação. A capacidade de transporte sete milhões das 45 milhões de toneladas de grãos de soja e milho produzidos por Mato Grosso atualmente. Estima-se pouco mais de R$ 6 bilhões em investimentos para tornar 1,8 mil quilômetros navegáveis.