O "boom" da construção civil chegou a Mato Grosso e está se prolongando sem sinal de que vai cessar, principalmente na Capital, que vive um momento de lançamentos, construções e entregas de imóveis. De acordo com o Sindicato da Construção Civil de Mato Grosso (Sinduscon), 9,122 mil unidades (apartamentos) estão em fase de lançamento ou construção no Estado, fora isso, mais 1,1 mil unidades residenciais foram registrados. O ano de 2010 será lembrado por novos empreendimentos e a pela chegada de empresas nacionais de olho no mercado local. De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria de Construção Civil, o crescimento do setor foi de 14% com relação ao ano passado e para 2011 a expectativa é crescer 8%.
O presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais, Comerciais e Condomínios de Cuiabá e Várzea Grande (Secovi-MT), Marcos Pessoz confirma a expansão do setor de imóveis novos e prevê uma continuidade para o ano que vem. Segundo ele, apesar de 2010 ter sido marcado por lançamentos e continuidade de projetos, o ano que começará na próxima semana não deve desacelerar devido a entrada de novas construtoras. "Algumas empresas podem até diminuir o ritmo, mas outras estão com projetos de lançamentos e início de atividades no Estado".
O sócio da construtora Gerencial, Paulo Sério, acredita que 2011 não será tão promissor quanto 2010. De acordo com o investidor, o mercado começa a se saturar. Porém, nem mesmo o baixo otimismo refletiu nos investimentos de sua empresa, que projeta um crescimento com relação às 432 unidades lançadas em 2010. "Para o ano que vem esperamos um aumento de 10% com relação às novas unidades".
Na construtora São Benedito 6 empreendimentos começaram a ser construídos este ano, totalizando 548 unidades habitacionais com preços que variam entre R$ 3 mil e R$ 4 mil o metro quadrado. Além disso, 500 apartamentos estão em fase de construção e outros 470 foram finalizados. O gerente de vendas, César Moraes, afirma que os investimentos são fruto do sucesso de vendas da empresa. "Vendemos 100% de nossos empreendimentos, o que não é comercializado é reservado para aluguel. Geralmente antes da entrega se esgotam as oportunidades".
A Vangard Home, que tem o foco no público que vai adquirir o primeiro imóvel, tem atualmente 1,503 mil unidades em construção e mais 608 foram lançadas em 2010. De acordo com o diretor Márcio Ferreira, 2011 será um ano de muito trabalho e entrega dos imóveis que tiveram a construção iniciada em 2008 e 2009, o que não deve frear mais novidades. "O momento é muito bom e as vendas continuam aquecidas. Temos um banco de terrenos importantes e para o próximo ano as novidades devem ter prosseguimento".
Ao todo o Valor Geral de Vendas (VGV) da construtora este ano foi de R$ 100,48 milhões. Somando com a Plaenge, que tem um padrão mais elevado nas construções e se volta para públicos de maior poder aquisitivo, o grupo planeja para 2011 um VGV de R$ 300 milhões.
Aliás, segundo Marcos Pessoz, grande parte dos imóveis é voltada justamente para o público que não tinha condições de adquirir a casa própria e que devido ao incremento de renda e programas habitacionais que facilitam a aquisição, como o Minha Casa Minha Vida do governo federal, os investidores continuarão com o foco na construção. "Ainda existe um déficit imobiliário que está no objetivo das empresas. Para isso, os maiores investimentos são para construção de unidades entre R$ 100 mil e R$ 120 mil".
O vice-presidente Imobiliário do Sinduscon, Paulo Bresser, explica que a migração da população da classe D para a C possibilitou o acesso ao imóvel e que por isso a maioria dos empreendimentos é para atender este público. "Mais de 50% dos lançamentos possuem até 70 metros quadrados e custam até R$ 150, justamente pensando neste mercado crescente". De acordo com levantamento do sindicato, 4,894 mil apartamentos possuem até 70 metros quadrados, 2,6 mil entre 70 e 110 metros quadrados e o restante, 1,628 mil ou 17%, acima de 110 metros quadrados.
Ameaça – Entre os entraves vivenciados pelo segmento, a mão de obra é um dos principais. Com o crescimento da demanda, os cursos de qualificação não são suficientes para formar trabalhadores para suprir a necessidade. O grupo Plaenge, por exemplo, em 2009 tinha em canteiros de obras cerca de 150 trabalhadores, este ano a empresa encerra o ano com 900, aumento de 500% no número de funcionários. O diretor Márcio Ferreira explica que o mercado em geral está em expansão. Além das grandes construtoras e seus empreendimentos, ele cita as obras individuais de construção e reformas. "A demanda é crescente e por isso falta mão de obra qualificada em todos os segmentos, de servente a mestre de obra".
Paulo Bresser afirma que esta não é uma características exclusiva de Mato Grosso, mas de todo o país. "Não adianta falar que vai trazer de São Paulo porque lá eles também vivem esta situação. É no Brasil inteiro". Além da mão de obra, Bresser diz que material básico para a construção civil também pode ser uma ameaça. "Somente este ano passamos por dois contingenciamentos de cimento".