Apenas o projeto definitivo da viabilidade de produção de álcool separa Mato Grosso de ser o próximo Estado a ter o seu alcoolduto e um poliduto – o primeiro para exportar álcool e o segundo para importar diesel e gasolina. Em encontro no Rio de Janeiro com o presidente da Transpetro – subsidiária integral da Petrobrás e maior armadora da América Latina, Sérgio Machado, autoridades mato-grossenses e representantes de empresas do setor apresentaram o cumprimento de metas futuras exigidas pelo órgão para tornar o Estado apto receber a obra.
Considerando a produção consolidada das 11 usinas em operação nos seus municípios e os empreendimentos propostos para os próximos três anos – o prazo definido inicialmente pela Transpetro, Mato Grosso vai passar dos atuais 800 milhões de litros de álcool/ano para um volume de produção na casa dos 3,7 bilhões de litros/ano.
A esse patamar somam-se novos investimentos como é o caso da Ciaterra, com dois projetos de 2,5 milhões de toneladas de cana, cada; e o Grupo Brenco (Companhia Brasileira de Energia Renovável), em Alto Taquari, com 35 mil hectares e três milhões de toneladas de cana. Além disso, ao lado – já no território goiano, a apenas 40km de Alto Taquari – será implantada outra unidade de proporções idênticas.
A reunião com a subsidiária da estatal Petrobrás foi mais uma etapa do processo de busca de viabilidade para o alcoolduto e o poliduto para Mato Grosso. Ele foi iniciado ainda em 2007 quando Wagner Ramos e o vice-presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt) e suplente de deputado – então no cargo, Carlos Avalone (PSDB), mais os deputados José Domingos (DEM) e Júnior Chaveiro (PMN) se uniram na busca de parceiros para viabilizar o projeto.
“Esse é o projeto estratégico mais importante para nosso estado porque sua concretização vai diminuir o ‘custo-Mato Grosso’ que é alto. Nós temos o maior custo de diesel do país e precisamos barateá-lo por causa do transporte. Nosso grupo começou o trabalho nesse sentido. Temos uma área produtora muito grande que precisa ser diversificada. Não podemos ficar apenas nas ‘mãos’ da soja, do algodão e do milho”, explicou Avalone, chamando a atenção para a necessidade de ser também ampliada a produção da cana-de-açúcar.
“A questão é: sentamos à mesa com o presidente da Transpetro, juntos os deputados, o vice-governador Silval Barbosa, prefeitos e representantes do setor sulcroalcooleiro de Mato Grosso. Ou seja, as forças vivas de Mato Grosso saem da reunião na Transpetro com a certeza de que, agora, será possível viabilizar o alcoolduto e o poliduto para nosso estado”, disse o diretor-executivo do Sindalcool (Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso), Jorge dos Santos.
Ele fez referência ao termo de cooperação técnica assinado em Foz do Iguaço (PR) – há exatos sete dias – pelo presidente Lula, os governadores Roberto Requião (Paraná) e André Pucinelli (Mato Grosso do Sul), e o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli de Azevedo.
“Vamos torcer para que, entre 2011 e 2012 – quando todos esses projetos se tornarão realidade, também tenhamos o alcoolduto e tornemos realidade as nossas exportações”, prognosticou Santos.
O termo de cooperação assinado em Foz do Iguaçu servirá para a criação de um grupo de trabalho que vai desenvolver estudos para a construção do alcoolduto entre Campo Grande (MS) e o Porto de Paranaguá (PR).
A obra faz parte do PAC – Plano de Aceleração do Crescimento e seu traçado básico contemplará as cidades de Campo Grande e Bataguassú, no Mato Grosso do Sul, e Maringá e Londrina, no Paraná. O alcoolduto – com cerca de 920 quilômetros de extensão – tem sua conclusão prevista para 2010 e o objetivo principal é escoar a produção de etanol dos dois estados para o mercado de exportação.
As quatro novas usinas de álcool serão instaladas em Tangará da Serra (duas) e uma em Denise, além da que irá funcionar em Alto Taquari.