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Mantega diz que crédito está sendo revitalizado no país

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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje que o impacto da crise econômica global no Brasil continua o mesmo, e que a escassez do crédito ainda existe, mas que vem melhorando com as medidas que o governo tem tomado. Segundo ele, o governo já está ativando uma linha de leilões para troca de títulos por dólares, o que dará recursos para os financiamentos das exportações.

Mantega admitiu que o governo está preocupado com os setores agrícola, da construção civil e automobilístico e também com o capital de giro. “A Fazenda e o Banco Central estão trabalhando junto com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal para irrigar o sistema com esse crédito para que ele possa chegar aos consumidores e investidores das empresas que precisam dele”, disse ele, em entrevista após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles..

O ministro reafirmou que o governo não salvará nenhuma empresa, porque esses são assuntos privados, de empresas que ousaram no mercado financeiro futuro, e por isso pagam o preço dessa ousadia, mas que adotará medidas para dar crédito a elas.

“O governo tem obrigação de dar crédito e liquidez a valores de mercado, e é isso que o Banco do Brasil e a Caixa estão fazendo. Não haverá nenhum subsídio, concessão especial. Não vamos absorver o prejuízo de nenhuma empresa. E o governo não está fazendo nenhum favor em estimular o crédito”, disse Mantega.

Segundo o ministro, há medidas que demoram para surtir efeito, porque estão sendo implantadas pela primeira vez. Ele ressaltou que, além da questão do crédito, algumas empresas tiveram problemas operacionais com os derivativos cambiais, como a Aracruz, maior fabricante de celulose de eucalipto do país, que fechou o terceiro trimestre com perda de R$ 1,642 bilhão, depois de registrar lucro líquido de R$ 260,8 milhões no mesmo período de 2007. “Mas há perspectivas de que ela [Aracruz] consiga equacionar seus problemas nos próximos dias. Há outros problemas menores, que estão transcorrendo dentro das condições normais.”

A Sadia e a Votorantim tiveram também prejuízos no terceiro trimestre – a primeira, de R$ 760 milhões, e a segunda, de R$ 586 milhões. Para Mantega, os valores dos derivativos que geraram problemas para as empresas podem ser absorvidos pela economia brasileira sem problemas. “Essas são as três maiores empresas que tiveram tal problema. As demais são menores e muitas vezes têm problemas só de crédito, porque são exportadoras. Elas têm lastro para fazer as operações, apenas precisam de caixa para cobrir a margem do aumento do dólar”.

De acordo com o ministro, não se sabe a dimensão exata do problema, porque uma parte das operações foi feita na BM&F, outras são operações de balcão e outras no exterior, que só são reveladas quando o banco declara. “Estamos perguntando aos bancos qual é o montante dessas operações. Nenhum valor grande foi mencionado até agora. O maior valor até agora é da operação da Aracruz, portanto, é bem absorvido pela economia brasileira.”

Mantega reforçou que não há títulos podres no país, porque não há subprime (sistema de financiamento imobiliário por meio de hipoteca) na economia brasileira. Segundo ele, esses ativos estão todos na economia americana. Aqui existe um problema “diminuto” diante do tamanho da economia do país, que pode ser equacionado sem prejuízos para sua atividade econômica. “Houve de fato uma redução drástica, momentânea, do crédito, mas já há uma recomposição, com os bancos operando com 70%, 80% dos créditos que possuíam antes. Não esquecendo que o crédito vinha crescendo em volume muito grande. Então, tinha uma gordura.”

Para o ministro, o Brasil enfrenta problemas causados pela crise econômica global, porém menores do que os que atingem os países avançados. “Estamos administrando problemas que vêm de fora, de modo a minimizar o impacto que podem provocar na economia brasileira.” Segundo ele, o mercado interno e as instituições financeiras brasileiros são mais sólidos e menos alavancados. Portanto, disse, “o contágio é mais psicológico do que real, diante do desespero com relação à crise. Não podemos deixar que haja esse contágio”.

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