A crise financeira que iniciou nos Estados Unidos provocando reflexos pelos mercados mundiais continua preocupando Mato Grosso em vários segmentos da economia que falam em retração. O setor madeireiro, um dos principais do Estado, está sentidndo os reflexos e aponta da desaceleração nos negócios. De acordo com o presidente do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira -Cipem-, Jaldes Langer, nas diferentes regiões empresários já diminuíram o ritmo de suas atividades. O Cipem não dispõe o percentual da queda, no entanto, Langer justifica que “começa a operar em velocidade menor”.
Em pelo menos 37 cidades do Norte, onde Sindicato das Indústrias Madeireiras (Sindusmad) atua, a situação é a mesma, explica o presidente José Eduardo Pinto. Ele salienta que industriais vem diminuindo as operações há pelo menos trinta dias. Isto é, industrializando menos por falta de pedidos. “Já dá para sentir uma procura menor por madeira e já afeta [o setor] porque a demanda caiu e a oferta continua a mesma. Isso interfere inclusive no preço”, declarou, ao Só Notícias. A tendência é de leve redução.
José Eduardo acrescenta que diante do cenário, as empresas têm adequado as produções para atender os novos volumes que conseguem negociar. Acrescenta ainda que mesmo diante da retração, “o mercado não pára”. “Ele deu uma freada brusca por conta deste susto. Deve se normalizar, mas noutro ritmo”, acrescentou. O Sindusmad não descarta que empresários demitam empregados caso o cenário piore em grande proporção.
A volatilidade cambial, a escassez na oferta de crédito bancário e a escassez nas linhas de exportação são apontadas pela Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), como problemas que já interferiram no setor madeireiro. No entanto, o superintendente José Carlos Dote é claro ao dizer que não se pode assumir a idéia de caos no Estado, visto que os efeitos da crise internacional não devem se mostrar de forma imediata.
O superintendente acrescenta não ser possível prever quanto leve para que impacto atinja seu ápice. “Isto não acontece da noite para o dia. Teremos sim uma retração mas não ao ponto de um caos econômico”, afirmou, ao Só Notícias.
Para Dote, tanto empresários quanto poder público devem adotar medidas preventivas, visando evitar gastos demasiados. “É preciso se endividar menos. Diminuir gastos. Os gestores têm a responsabilidade de pensarem nas despesas. Se o governo gasta demais ele vai repor isto por meio de impostos”, justificou.
Mato Grosso movimentou, entre 3 de fevereiro de 2006 ao último dia 1º, com o comércio de madeira, volume superior a R$4,4 bilhões. Deste montante, R$2,2 bi por meio de transações com outros Estados, e, R$1,2 bilhão, no mercado externo.
Conforme o representante da Fiemt, a retração citada pelo setor madeireiro é a mesma já prevista nas demais áreas econômicas do Estado.