A taxa básica de juros, também conhecida como Selic porque remunera os títulos depositados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia, deve encerrar 2008 em 12,75% ao ano, de acordo com expectativa média de analistas de mercado ouvidos pelo Banco Central (BC) na última sexta-feira. Os números da pesquisa foram revelados no boletim Focus, divulgado hoje, pelo BC.
Os analistas estimam elevação da taxa atual de 11,25% ao ano para 11,50% já na próxima quarta-feira, quando terminar a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa amanhã (15).
Eles estimavam taxa de juros de 12,50% no final deste ano, na pesquisa da semana anterior, mas, em função das sinalizações de dirigentes do BC e da pressão inflacionária nos preços dos alimentos, corrigiram a expectativa de juros para cima. Os analistas acreditam, no entanto, que o aperto monetário será por pouco tempo, com a Selic voltando aos níveis atuais até final de 2009.
A projeção do crescimento da produção industrial deste ano aumentou de 5,29% para 5,40%. Com isso, o Produto Interno Bruto (PIB) – soma das riquezas produzidas no país – deve crescer 4,70% no ano, e não mais os 4,60% imaginados anteriormente, com reflexo positivo na relação dívida/PIB, que deve cair dos 41,55% da pesquisa anterior para 41,50% (39,90% no fechamento de 2009).
A estimativa de saldo da balança comercial (exportações menos importações) foi reduzida. O saldo estimado na semana passada, de US$ 26,05 bilhões no ano, diminuiu para US$ 25,30 bilhões, com possibilidade de cair para US$ 19,50 bilhões no ano que vem.
Essa retração da balança comercial deve fazer com que a conta corrente do país com o exterior, que envolve todas as transações comerciais e financeiras, volte a fechar no vermelho depois de cinco anos de saldos positivos. Os analistas imaginavam déficit de US$ 12,10 bilhões neste ano, mas elevaram a estimativa para US$ 16 bilhões. O déficit previsto para 2009, que era de US$ 13,92 bilhões, subiu para US$ 20 bilhões.
A expectativa de entrada de US$ 30 bilhões de investimento estrangeiro direto (IED) este ano, no setor produtivo, foi mantida. Os analistas apostam em IED de US$ 27 bilhões em 2009. Também continua a expectativa de que a cotação do dólar norte-americano não ultrapasse R$ 1,75 no final deste ano (R$ 1,85 no final de 2009).