Representantes da etnia Enawenê Nawê exigem a ampliação de suas terras, já demarcadas e homologadas. O grupo, que vive no noroeste do Mato Grosso, teve contato recente com a sociedade não-índia e ainda tem poucos integrantes que falam e entendem a língua portuguesa. Para mostrar suas reivinicações, os índios ocuparam até o último sábado (2) uma ponte sobre o Rio Juruena, entre os municípios de Brasnorte e Juína.
O principal pedido é incluir uma área que ficou fora da demarcação oficial – a micro-bacia do Rio Preto, local que seria sagrado para o grupo e que também é disputado por fazendeiros da região. As reivindicações do grupo foram divulgadas pela Operação Amazônia Nativa (Opan), entidade que trabalha com projetos de educação com os índios. De acordo com o cientista social e indigenista da Opan Edson Rodrigues, a micro-bacia do Rio Preto os índios constroem uma das principais barragens de pesca, onde há um ritual nos meses de fevereiro e março em vários pontos desse território.
Segundo Rodrigues, até agora não foi desencadeada pelo governo federal nenhuma ação que pudesse dar clareza para a demarcação da área. Os Enawenê Nawê também querem a criação de um grupo de trabalho da Fundação Nacional do Índio (Funai), responsável por acompanhar a situação fundiárias dos índios, para realizar um estudo antropológico que ressalte a importância dos 170 mil hectares da micro-bacia do Rio Juruena que faltam ser demarcados.
“É um processo que está em ampla discussão há pelo menos 15 anos e vem ao logo dos últimos anos sendo acirrada, pois é uma aérea de importância fundamental para a reprodução social e cultural, quando eles desenvolvem um ritual ecológico para a sociedade Enawenê Nawê”, afirma em entrevista à Agência Brasil.
Na sexta-feira (1), o presidente da Funai, Márcio Meira, anunciou que a questão “estava sendo resolvida”, mas não deu detalhes sobre o processo. De acordo com o chefe de núcleo da Funai de Juína, Antônio Carlos Ferreira, amanhã (06) será realizada uma reunião com o presidente da Funai, representantes do Ministério do Meio Ambiente e 43 índios, para apresentar as exigências.
Ferreira disse que, “por questões financeiras e por haver outras prioridades”, a Funai ainda não atendeu as exigências feitas pelos índios Enawenê Nawê. Segundo ele, “é complicado atender toda a demanda de reivindicações feitas pelos índios”. “Depois da reunião marcada com a direção da Funai com os outros órgãos é que vamos saber se vamos atender todas as reivindicações feitas pelos índios”, disse o chefe de núcleo da Funai de Juína.
Há 30 anos a Opan faz um trabalho de educação e assessoria politica com os Enawenê Nawê. A organização não-governamental também cuida da saúde dos 480 índios, que vivem em uma única aldeia, por meio de convênio com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).