Muitos consumidores não sabem, mas os impostos embutidos nos preços dos produtos típicos da Páscoa podem apresentar mais da metade do valor pago. Se não fossem os altos tributos a mesa do domingo santo poderia ser mais doce e farta. Isso porque ao comprar um ovo de chocolate os consumidores devem destinar 38,53% para os cofres públicos. O maior peso está no preço do vinho com 54,73%. Já o bacalhau importado leva 43,78% do preço em impostos, segundo estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).
No Brasil, os impostos são incluídos no valor dos produtos e os consumidores pagam sem questionar. O
vendedor Adir Gomes nunca procurou saber para onde vai o dinheiro que paga nos tributos. "Sobre essa questão de questionar em alguns assuntos não me importo, sempre dei mais atenção aos produtos que tenho maior consumo como, cigarro, bebidas e gasolina. Até mesmo porque a imprensa sempre fala deles, já que são considerados os que tem maior porcentagem tributária".
A discriminação dos tributos em documentos fiscais deve entrar em vigor em junho, com a Lei 12.741/12. O mecânico Geferson de Lima aprova a medida. "Vai ser muito bom, pois saberemos quanto os governos ganham através dos impostos de cada produto. Mas o complicado será saber para onde esse valor altíssimo vai". João Eloi Olenike está otimista com a lei. "Esta legislação poderá colocar um fim à desinformação do consumidor final, que não tem consciência que paga tanto imposto. Essa consciência lhe dará condições de exercer melhor o seu papel de cidadão, sabendo que tem direito de cobrar dos governos federal, estadual e municipal, serviços públicos de qualidade compatíveis com os valores arrecadados".
Todos os tributos arrecadados no país, nas 3 esferas, são registrados pelo Impostômetro, ferramenta criada pelo IBPT e administrada pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP). "Os produtos da Páscoa, como toda arrecadação, continuam com a tributação muito elevada. Prova disso são os números do Impostômetro, que mostram o quanto a arrecadação cresce a cada dia. O peso excessivo dos impostos sobre o consumo provoca uma tributação proporcionalmente maior das camadas de menor renda. Esperamos que as desonerações de impostos que vêm sendo concedidas sejam compensadas por reduções de gastos equivalentes", completa Rogério Amato, presidente da Associação Comercial e da Federação das Associações Comerciais de São Paulo.