A apreensão de bois criados em áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia, anunciada pelo ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), será precedida por uma etapa em que o gado será marcado e mantido aos cuidados do proprietário da fazenda até o leilão dos animais, pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
O alvo inicial da operação “Boi pirata” são as 331 propriedades embargadas só neste ano na região, numa área de 700 km2, quase duas vezes a Baia da Guanabara.
“Num primeiro momento, é mais prático manter o boi no pasto, e o proprietário ficará como fiel depositário”, disse Flávio Montiel, diretor de Proteção Ambiental do Ibama. Pará, Mato Grosso e Roraima são os principais alvos.
Segundo Montiel, a identificação do gado será feita por meio de 116 operações do Ibama previstas para junho e julho nas áreas de maior devastação, com o apoio do Exército.
O diretor do Ibama disse que a expectativa é apreender “um número razoável” de bois.
A Amazônia tem mais de 2.400 terras embargadas por desmatamento ilegal. Em decreto assinado em dezembro, o presidente Lula determinou a suspensão da atividade econômica nas áreas embargadas. Com base no decreto Minc anunciou a apreensão de bois.
Autor da proposta anunciada por Minc, o diretor do Serviço Florestal Brasileiro, Tasso Azevedo, disse que a idéia original do “Boi pirata” não é apreender gado, mas dar prejuízo aos desmatadores ilegais, impedindo que eles vendam sua produção.
“Apreender o boi me criaria um outro problema. Para onde levá-lo? Como mantê-lo vivo?”
O gado ilegal seria doado à Conab, que poderia vendê-lo aos frigoríficos. Se um frigorífico comprar gado marcado como pirata de qualquer um que não seja a Conab, pode ser punido. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, não quis comentar a medida.
Ontem, Minc acertou a prorrogação por mais um ano da moratória da soja. Em 2006, associações se comprometeram a suspender a compra de soja cultivada em novas áreas desmatadas na Amazônia.