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Hotéis da capital passam por crise e demissões

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Depois de 1 ano e 7 meses da Copa do Mundo de 2014, os reflexos na economia continuam, mas não da forma como os empresários do setor hoteleiro esperavam. Enquanto a promessa era de prosperidade, estimulada pelo valioso dólar dos turistas estrangeiros, a realidade em fevereiro de 2016 é outra: de uma taxa de ocupação em constante declínio, com média de 30%, o que tem resultado em demissões, redução na oferta de leitos, mudança de atividade e empreendimentos colocados à venda.

“E se continuarmos assim pelos próximos anos, vamos ter hotéis completamente defasados, antiquados e fechados”, assevera o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Mato Grosso (ABIH/MT), Guilherme Verdun. Ele explica que antes do Mundial de Futebol, houve a construção de novos hotéis, impulsionada pela expectativa de um “boom” que o evento poderia causar no turismo do Estado.

Após as frustrações da Copa do Mundo, a recessão econômica flagelou a atividade hoteleira. “O reajuste na tarifa de energia promovido em 2015, acompanhado do aumento nos custos para manter a folha de pagamento e outras despesas, se transformaram em dificuldades para os empresários do segmento manterem as contas em dia”, explica Guilherme Verdun.

Em Mato Grosso, a crise econômica é mais acentuada no turismo de negócios, que de acordo com as estimativas da ABIH/MT, representa 90% da demanda. “Muitas empresas têm reduzido os gastos com viagens e hospedagem em viagens de negócios. A saída para muitas delas é a utilização de conferências via internet. Para nós, essa realidade também representa um problema”.

A solução encontrada por muitos empresários do setor hoteleiro para reduzir a ociosidade foi a reconfiguração na oferta de leitos e apartamentos em Cuiabá e Várzea Grande. A empresária Leda Antunes desativou 25 apartamentos de um total de 62 que possui em um hotel, em Cuiabá. Quem tem administrado o empreendimento é a filha dela, a advogada Adriane Gonçalves Antunes. “Estamos realizando um verdadeiro malabarismo para conseguir driblar as adversidades decorrentes desta crise econômica e do momento caótico para o setor de hotelaria”, reclama Adriane.

Ela relata que a primeira atitude que precisou tomar foi o corte de despesas com folha de pagamento. Para isso, reconfigurou os horários de expediente, e agora os colaboradores atuam em uma jornada de 12 horas de trabalho e 36 horas de folga. Outra medida empreendida por Adriane Gonçalves foi a diminuição na demanda por energia elétrica junto à concessionária do serviço em Mato Grosso.

“Mas ao buscar este reajuste fiquei surpresa com a demora que levaria para ser concretizado, de 6 meses”. Ela diz que a situação é desanimadora. “Após 3 décadas de atividade, se deparar com condições tão desgastantes é uma frustração”.

Para o empresário Bruno Delcaro, proprietário de um hotel, a solução para o setor é a atração de novos eventos. “Só assim podemos amenizar as condições preocupantes para os hotéis em Mato Grosso”. Ele relata que em 2015 o quadro de funcionários foi reduzido em 40%, o que representou a extinção de 50 vagas de trabalho. “Sinceramente, tenho pensado todos os dias em mudar de atividade”, desabafa.

Delcaro também já desativou vários apartamentos, os quais têm possibilidade de se transformar em flats. Mas, o projeto é, na avaliação do empresário, muito dispendioso para ser posto em prática em tempos de recessão econômica.

Bruno Delcaro considera que as soluções para os problemas da economia precisam ser resolvidos primeiramente no âmbito político. “Enquanto a administração pública, principalmente no âmbito federal, não recuperar a credibilidade será difícil a economia reagir. E uma economia estagnada representa falta de investimentos e de consumo. Nada flui”. Outro problema que assola o setor é a falta de condições de repassar os aumentos dos custos para o consumidor final.

Verdun explica que com as atuais condições de baixa ocupação, a tendência é reduzir mais os valores das diárias, como medida de atrair clientes. “Se esta situação continuar, em breve vamos ter hotéis 5 estrelas com diária de um hotel de duas ou 3 estrelas”.

Mas, há situações nas quais a crise no setor hoteleiro não é preocupante, como é o caso do empresário Silvério Maier, proprietário do Slaviero, em Cuiabá. Ele relata que a construção do empreendimento começou a ser planejada há dez anos, e a inauguração foi propícia para a Copa do Mundo. “Outra condição favorável é a localização em ponto estratégico na capital”. Isso tem garantido uma taxa de ocupação média mensal de 70%. “Só em dezembro e janeiro é que realmente passamos por uma situação mais complicada, já que a taxa de ocupação fica em 20%”.

A baixa quantidade de hóspedes é resultado da falta de pontos turísticos em Cuiabá. Já Carlos Paldiak, gerente do InterCity, em Cuiabá, avalia que a superoferta de leitos associada ao fraco desempenho da economia nacional gera perspectivas negativas para 2016. “Uma esperança ao setor seria uma indução de uma nova demanda ao mercado local, em especial com a captação de eventos nacionais. Para isso, a cidade precisaria reforçar sua atratividade como destino turístico e também criar novos espaços para sediar feiras, convenções e congressos, o que não deve acontecer a curto prazo”.

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