A Fundação Nacional do Índio (Funai) anunciou hoje o contato com um grupo de 87 índios isolados, no interior do Mato Grosso. Conforme Só Notícias informou em primeira mão Os índios foram identificados como sendo de uma etnia conhecida, a Metykire, variante do grupo Kayapó que habita o sul do Pará. Ainda segundo a Funai, o grupo é de parentes do líder kayapó Raoni.
Os índios foram encontrados após caminhar cinco dias até uma aldeia kayapó no município de Peixoto de Azevedo, no norte do Mato Grosso. O primeiro encontro entre os Metykire e seus parentes kayapó ocorreu no dia 24. O grupo recém-descoberto vivia em uma área indígena já demarcada e protegida.
De acordo com a Funai, eles contaram que decidiram buscar ajuda porque estavam sendo ameaçados a tiros por homens brancos. O órgão suspeita de garimpeiros e madeireiros ilegais que podem ter invadido a reserva.
O presidente da Funai, Márcio Meira, considera surpreendente o fato de um grupo desconhecido ter sido encontrado nos tempos atuais. “O fato de não termos conhecimento ou contato com essa população mostra que o Brasil é um país riquíssimo do ponto de vista da diversidade cultural”, disse.
Por medida de segurança e para impedir a proliferação de doenças entre os índios recém- descobertos, a Funai interditou a pista de pouso que dá acesso à aldeia. Por enquanto, o contato com eles está sendo feito por outros índios kayapó que trabalham no órgão da Funai no estado. Nos próximos dias, uma equipe da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) deve levar medicamentos e vacinas contra gripe, hepatite e a tríplice, contra coqueluche, difteria e tétano.
O vice-presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Saulo Feitosa, pede que a medicação dos índios seja feita com muito cuidado e somente se comprovado “risco de iminente contágio”. Para Feitosa, a Funai agiu adequadamente e deve continuar a respeitar os direitos do grupo e dos demais povos isolados.
“Ao encontrar roças, barracas, utensílios ou relatos de mateiros, a Funai deve se preocupar em isolar a área e prover a proteção do grupo”, afirma. “O ideal era que a Funai atuasse apenas quando o contato com a população não-índia fosse inevitável.”
Ainda segundo a Funai, um dos índios tem uma bala alojada no corpo, mas não se sabe se o tiro é recente ou antigo. Na última quarta-feira (30), houve mais uma surpresa. Uma mulher do grupo deu à luz uma criança.
Segundo a Funai, existem cerca de 60 grupos indígenas registrados como isolados no país. A política oficial consiste em mantê-los como estão, evitando o contato com eles.
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