A BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, informou, em nota, que a greve dos petroleiros não afetou, até o momento, a rotina de comercialização e distribuição de derivados do petróleo (combustível) para todo o Brasil. Até o início da tarde, o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes também não registrou problemas causados pela greve.
Já o presidente do Sindicato dos Petroleiros de Duque de Caxias (Sindipetro), Simão Zanardi, prevê falta de combustível na semana que vem caso a paralisação continue. "As refinarias param por exaustão. Lá pelo sétimo, oitavo dia, as pessoas que estão trabalhando começam a sair, e aí para", disse. "Os níveis de petróleo estão baixando e, nesse momento, as refinarias começam a perder estoque", acrescentou Zanardi, durante protesto hoje (5) de trabalhadores em greve em uma das entradas da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), na Baixada Fluminense.
A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) informou ontem (4) que faz acompanhamento permanente do mercado de combustíveis e não identificou falta de abastecimento por causa da greve dos petroleiros. A ANP disse que “se houver desabastecimento, estudará as medidas a serem tomadas”. Por meio da assessoria de imprensa, a Petrobras descartou hoje desabastecimento no Rio de Janeiro na semana que vem.
A produção de petróleo no Brasil teve queda de 8,5 % ontem (3), segundo nota divulgada nessa quarta-feira pela Petrobras. Este percentual representa 178 mil barris de petróleo da produção diária da companhia. Na avaliação da empresa, o resultado mostra que a greve dos petroleiros tem afetado as operações.
Em uma das entradas da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), na Baixada Fluminense, funcionários da Petrobras protestaram hoje (5) contra o Programa de Desinvestimentos da companhia e pedem a conclusão das obras da Refinaria Abreu Lima, do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj) e da Fábrica de Fertilizantes de Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul. Segundo o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense, 48 plataformas envolvidas na produção de óleo e gás na Bacia de Campos, 30 estão paradas e seis funcionam com restrição.
A greve foi convocada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP). Com um carro de som e cartazes, os trabalhadores tentam convencer os demais trabalhadores a aderirem à greve. Segundo o Sindicato dos Petroleiros de Duque de Caxias (Sindipetro), a paralisação teve adesão de 350 dos 600 funcionários que trabalham em regime de turnos na operação da Reduc e 50% dos 1,2 mil do setor administrativo. A categoria critica o Plano de Negócios e Gestão 2015-2019 da Petrobras, que prevê um programa de desinvestimentos com a venda de ativos de US$ 15 bilhões nos próximos dois anos.
"Parar os investimentos da Petrobras é parar a geração de emprego e renda do Brasil, da Petrobras, dos estados e municípios, e por isso temos que mudar o plano de negócios", disse o presidente do sindicato, Simão Zanardi.
Os trabalhadores também reivindicam que cláusulas sociais não sejam cortadas do acordo coletivo de trabalho e pedem que haja reajuste salarial com reposição da inflação. A empresa ofereceu 8,11%.
Segundo o sindicato da categoria, desde o início da greve, um grupo de 250 funcionários, da equipe de contingência, está trabalhando direto na refinaria, sem equipe de troca de turno, para que seja mantido o número mínimo de pessoal na operação das unidades. A assessoria jurídica do sindicato informou que recorreu à Justiça para pedir a liberação dos trabalhadores por meio de medida cautelar e aguarda uma decisão. Na Refinaria de Presidente Bernardes, no polo petroquímico de Cubatão (SP), cerca de 30 funcionários estão trabalhando há 8 dias sem rendição. "Eles já cumpriram o turno deles e estão em sistema contínuo de trabalho. Vão parar por exaustão", disse Zanardi.
Procurada pela Agência Brasil, a Petrobras não se manifestou hoje sobre o protesto e o grupo de funcionários confinado.
A Reduc está com a produção reduzida devido à diminuição da extração de petróleo em algumas plataformas na Bacia de Campos, no Norte Fluminense. A refinaria fabrica gasolina, óleo diesel, óleo lubrificante, querosene de aviação e parafina, os principais subprodutos do petróleo, num total de 54 produtos diferentes. O carregamento de coqui – um tipo de carvão que sobra do resíduo do petróleo e é usado para abastecer os fornos de produção de cimento – não está sendo entregue na refinaria pelos caminhões, que não conseguem entrar devido à paralisação dos petroleiros. Conforme Simão Zanardi, a Reduc produz 240 mil barris de petróleo/dia e baixou a produção para 210 mil barris/dia em consequência da redução de petróleo que chega pelos dutos diretamente das plataformas na Bacia de Campos.