Todo o movimento de recuo do governo federal com relação à Medida Provisória (MP) 232, anunciado efetivamente hoje, teve como principal objetivo não permitir que os partidos de oposição tivessem o mérito de vencer a base aliada na votação da Câmara dos Deputados. O líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT/SP), confessou que o foco das mudanças foi o ganho de “força política” por parte da base aliada.Essa peripécia política é facilmente percebida, ao se considerar que o governo cedeu exatamente aonde a oposição tinha interesse. A edição de uma nova MP, substituindo a original 232 e deixando apenas a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) em 10%, possui exatamente o mesmo efeito prático de se votar em separado a mudança na tabela, como vinha sendo pleiteado pela oposição, em especial pelo PFL. “As mudanças derrubam tudo aquilo que vinha sendo explorado de maneira ideológica e política”, afirmou o líder do governo, referindo-se às acusações de que a medida elevava a carga tributária.
Outra concessão do governo frente às pressões dos partidos opositores foi a retirada das mudanças na base de cálculo da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) para os prestadores de serviço do texto que será enviado ao Congresso Nacional em um projeto de lei (PL). O projeto terá apenas mudanças no sistema de arrecadação, que não configuram aumento de carga tributária, de acordo com as explicações de Chinaglia. Assim, o líder confia que a oposição não terá como se negar a aprovar o PL. “Que argumento terá alguém da oposição para não se somar a esse esforço de combate à sonegação e à elisão fiscal?”, questionou Chinaglia ao anunciar as mudanças.