O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje (19) que o governo poderá atuar para impedir que a alta do dólar tenha impacto na inflação. "Nós temos alguns antídotos, que são a redução das tarifas de alguns insumos, aquelas tarifas que subiram na lista de setembro do ano passado", disse o ministro.
Mantega admitiu que a valorização da moeda norte-americana poderá pressionar os preços no mercado interno, entretanto, segundo ele, esse efeito ainda não foi percebido. "Nós não sabemos onde isso vai parar [a subida do dólar]. Alguma influência deverá ter, mas ainda não teve". Apesar dos efeitos imprevisíveis, Mantega garantiu que a situação está controlada. "Não há nenhum temor de que possa haver um problema maior. A situação está sob controle. Nós temos US$ 370 milhões de reservas para sustentar algum problema maior".
Hoje o dólar fechou em R$ 2,4159, com alta de 0,83%, e atingiu a maior cotação desde 3 de março de 2009, quando a moeda foi vendida a R$ 2,441. Desde o fim de maio, o mercado financeiro global enfrenta turbulências devido à perspectiva de que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, reduza os estímulos monetários para a maior economia do planeta. O Fed poderá aumentar os juros e diminuir as injeções de dólares na economia global caso o emprego e a produção nos Estados Unidos mantenham o ritmo de crescimento e afastem os sinais da crise econômica iniciada há cinco anos.
A instabilidade piorou depois de Ben Bernanke, presidente do Fed, ter declarado, em 19 de junho, que a instituição pode diminuir a compra de ativos até o fim do ano caso a economia americana continue a se recuperar. Se a ajuda diminuir, o volume de dólares em circulação cai, aumentando o preço da moeda em todo o mundo.
Nos últimos meses, o governo brasileiro tem adotado medidas para conter a valorização do dólar. Além de vender a moeda no mercado futuro, o Banco Central retirou parte do compulsório sobre as apostas de que o dólar vai cair e eliminou restrições de prazos para que os exportadores financiem antecipações de pagamentos.
A equipe econômica também retirou barreiras à entrada de capitais estrangeiros no país. O Ministério da Fazenda zerou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para os estrangeiros que aplicam em renda fixa no Brasil. Desde outubro de 2010, a alíquota em vigor era 6%. A venda de moeda estrangeira no mercado futuro também ficou isenta de IOF.