O feijão foi o item da cesta básica que teve maior alta entre dezembro de 2006 a janeiro de 2008. Na maior parte do país, o produto subiu mais de 100%. Em algumas capitais foram registradas altas superiores a 300%, como em Fortaleza.
Segundo o índice da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o feijão registrou alta acumulada de 123,8% no ano passado. O motivo, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), são as secas de julho e agosto, que comprometeram as plantações, e a queda na produção das duas últimas safras de 2007.
De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em dezembro de 2006 a média de preço para 4,5 quilos de feijão tipo carioquinha era de R$ 7,79. No mesmo mês do ano passado, o preço subiu para R$ 24,48.
Outra pesquisa feita pela Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) mostra que o feijão teve aumento de 30% em dezembro de 2007 em relação a novembro do mesmo ano.
O técnico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) Mário Antônio de Sousa explica que a segunda safra do ano passado foi marcada por preços ruins para o produtor e, por isso, na terceira safra os agricultores preferiram o plantio de outros grãos, como milho e soja, o que provocou queda na produção e, por conseqüência, o aumento do preço do produto.
Mas para o técnico, a queda nas safras do ano passado não justifica o aumento do produto. Ele argumenta que o ciclo de cultivo do feijão é curto e tem três safras durante o ano. Ele acredita que a alta no preço do feijão indica especulação do mercado atacadista, com reflexos no varejo.
“Se a safra de 2006 foi de 3,4 milhões de toneladas e não houve essa repercussão tão grande do preço, porque em 2007, que teve uma safra de quase 3,3 milhões de toneladas, isso aconteceu?”, questiona.