As famílias de Mato Grosso possuem gastos mensais 27% menores do que a média nacional e 26% menores que a média do Centro-Oeste. A Pesquisa do Orçamento Familiar (POF) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que os gastos médios por família mato-grossense é de R$ 1,908 mil, enquanto a média nacional chega a R$ 2,626 mil e na região a cifra é de R$ 2,591 mil. A disparidade pode estar a associada à concentração de renda ou à pouca participação da população no crescimento do PIB, visto que a do Estado é um dos que mais cresce no país.
Além disso, enquanto os ricos gastam cerca de R$ 2,489 mil por mês, a população com até 2 salários mínimos tem as despesas individuais na casa dos R$ 300. Isso significa que as famílias com rendimento de R$ 1,020 mil por mês gastam apenas 12% do que as famílias com rendimentos acima de R$ 10,375 mil. No Centro-Oeste, o gasto per capita é de R$ 337,07 entre os mais pobres e de R$ 2,794 mil para os mais abastados.
O resultado de Mato Grosso só é inferior quando comparado ao dos Estados do Nordeste, apesar de números de exportações constantemente apontarem para uma evolução econômica de destaque nacional. O economista Vivaldo Lopes afirma que tal fenômeno aponta que o crescimento do Estado é proveniente de investimentos privados e que isso não é revertido para as famílias. "Há duas maneiras de influenciar um PIB. Com os gastos familiares ou com investimentos particulares. Este estudo aponta que Mato Grosso ainda não reverteu o crescimento para a população".
Para o economista Antônio Humberto a causa pode não ser passageira e sim consequência da concentração de renda. Conforme ele explica, 10 cidades concentram o desenvolvimento do Estado e as demais 131 cidades vivem em condições econômicas aquém do que se divulga. "Ao anunciarem que somos quem mais exporta, que mais cresce, falam em montantes, e não em proporções".
Quanto à inferioridade nos gastos do Estado se comparado ao Centro-Oeste, Vivaldo Lopes avalia que a média regional é fortemente influenciada pelos números de Brasília, onde o rendimento é superior aos dos demais Estados e os custos também são mais elevados. A justificativa é confirmada com a análise dos números. Em Brasília, o gasto mensal médio é de R$ 3,963 mil, ao mesmo tempo que em Mato Grosso do Sul é de R$ 2,459 mil, em Goiás de R$ 2,426 mil e em Mato Grosso de R$ 1,908 mil.