A necessidade mundial por alimentos, configurada a partir do aumento populacional dos próximos anos, será a oportunidade para muitos Estados brasileiros aumentarem a dinâmica produtiva e consoliderem-se no cenário produtivo, seja de grãos ou também de carne. Esta perspectiva mais uma vez recai sobre Mato Grosso, conforme a Federação de Agricultura e Pecuária (Famato).
A entidade, que já havia traçado as perspectivas futuras para a cadeia dos grãos, defende também que a pecuária estadual terá sua parcela de contribuição neste processo, mesmo diante das adversidades. Quem aponta é o gerente do departamento técnico Luciano Gonçalves. “A perspectiva futura é pelo aumento da demanda por proteína de carne. Estamos fomentando, incentivando o pecuarista porque precisamos investir em tecnologia e aumento da produtividade para fazermos frente a esta necessidade”, declarou, ao Só Notícias/Agronotícias.
Luciano reitera que, assim como no panorama agrícola, para a cadeia da carne o crescimento da produtividade no Estado não estará atrelado ao desrespeito com a legislação. “Não teremos o aumento das áreas, desmatamento. O que defendemos é que a pesquisa, o manejo, as técnicas evoluam para aumentarmos os nossos índices tanto de grãos, carnes e principalmente a transformação da proteína vegetal em animal”, salienta.
Luciano afirma que “a pecuária mato-grossense vai protagonizar um papel de extrema importância no fornecimento desta matéria-prima para o mercado internacional”, desde que sejam instrumentalizada. “Temos um cenário positivo pela frente mas precisamos nos estruturar para atender esta demanda que é acompanhada por exigências, como a rastreabilidade, o que precisamos melhorar, viabilizar para que o produtor possa adotar a metodologia e acessar o mercados internacionais. Sem o cumprimento esta oportunidade pode representar uma ameaça”, cita.
A Famato elenca que pelo menos três aspectos podem influenciar diretamente no aumento na produção de carnes em Mato Grosso: a adubação de pastagens, a integração lavoura-pecuária e também os confinamentos. Somente neste último quesito, a evolução dos confinamentos (mil cabeças) foi de 342% entre os anos de 2005 e 2008.
Tratando da adubação de pastagens, a Famato aponta que no Brasil a lotação média de animais a cada hectare é de 0,8, sendo verificada produtividade anual de 30 quilos de carne. Nos Estados Unidos, por exemplo, o cenário é diferente. São em média 2,2 unidade animal por hectare, produzindo, por ano, um volume quatro vezes maior ao brasileiro: 120 quilos de carne.
A integração lavoura-pecuária também pode ser importante aliada dos produtores porque aumenta a oferta de capim para o gado no período seco do ano. Em Mato Grosso, conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola e o Instituto de Defesa Agropeucária (Indea), a área de pastagem chega a 22,4 milhões, com um rebanho de 25,74 milhões de animais.