Além dos prejuízos com a intensidade das chuvas nas últimas semanas, que afetaram a colheita da soja na região Norte, agricultores também reclamam dos elevados preços do frete para escoar a soja. O aumento, que em algumas empresas chega a 30%, é decorrente da falta de caminhões no mercado neste período.
O empresário Jeison Rafael Tanchella disse, ao Só Notícias, que essa dificuldade é enfrentada todos os anos na região. “Isso sempre ocorre neste período, o que acaba encarecendo o frete”, explicou. Além da falta de caminhões, outro problema é a má conservação das estradas, que atrasa o transporte. Grande parte da produção é levada para o porto de Paranaguá (PR). Somente desta empresa, todos os dias saem cerca de 20 caminhões carregados.
Em outra transportadora de Sinop, que trabalha com frete de arroz para todo o país, a falta de caminhões também é problema. “Fazemos, em média, uma carga por dia, mas tenho produto para até três”, destacou o responsável Juliano Andrei de Oliveira.
A situação não é diferente em Sorriso – maior produtor de soja do país – que já colheu cerca de 70% de seus 580 mil hectares. Em uma transportadora que trabalha com soja, arroz e milho, saem por dia, em média, 20 caminhões com destino ao porto de Paranaguá. Mesmo assim, a demanda é maior.
O presidente do Sindicato Rural, Nelson Picolli, destacou que produtores estão encontrando dificuldades para escoar a produção até os portos e os preços praticados são a maior reclamação do setor, que amarga os prejuízos causados pelas chuvas e teme não conseguir quitar as dívidas contraídas nesta safra. “O preço é absurdo e sai do lucro do produtor”, acrescentou.
Atualmente, o preço do frete até Paranaguá custa, em média, R$ 220 por tonelada. No período de entressafra fica entre R$ 160 e R$ 170. O encerramento da colheita está previsto para até final de março. A preocupação do setor também é com a safrinha de milho, que teve crescimento na região, mas a capacidade de armazenamento não deve suportar a produção.