O valor exportado por Mato Grosso no mês de abril atingiu cifras inéditas para o período. O ‘melhor abril de todos os tempos’ – como foi referido – registrou um valor exportado total de US$ 827,52 milhões, impulsionado principalmente pela alta no preço das commodities no mercado internacional, além da agregação de valor nos produtos da pauta mato-grossense. No acumulado, as exportações do Estado já somam US$ 2,09 bilhões, valor 44,7% maior que o de abril de 2007, enquanto o crescimento das exportações brasileiras no mesmo período foi de apenas 13,6%.
A contribuição de Mato Grosso para o saldo da balança comercial do país é crescente e já representa 40% do total, mas o Estado ainda permanece na 10ª posição no ranking nacional de exportação, com 3,96% de representação. Nas exportações da região Centro Oeste, Mato Grosso responde por 57% do total. “Trata-se de um momento único para a economia do Estado. Contamos com o apetite do mercado mundial pelos produtos mato-grossenses e a valorização do real frente ao dólar, que permite a ampliação dos parques industriais”, avalia o diretor da Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt), Gustavo de Oliveira.
Soja, carne, milho e madeira continuam a liderar a pauta de exportações do Estado. Exceto pelo milho, os demais apresentaram redução no volume exportado, compensada pelo aumento no preço dos produtos no mercado internacional. Exemplo disso ocorre com a soja-grão. Mesmo com redução de 8,7% na quantidade física exportada, o valor subiu para US$ 1,07 bilhão contra US$ 757,02 milhões em 2007 – aumento de 41,8% -, em função da elevação de 55% no preço externo do produto no período considerado.
“Tal resultado demonstra a continuidade da tendência de maior processamento dessa matéria-prima no Estado, para atender a demanda interna das indústrias de ração animal e de biodiesel”, explica o assessor econômico da Fiemt, Carlos Vítor Timo. Carro-chefe das exportações mato-grossenses, o complexo soja registrou em abril vendas de US$ 1,45 bilhão, valor 43,4% superior ao mesmo período de 2007, mesmo com perda de participação na pauta – 69,6% em 2008 contra 70,2% em 2007.
A glicerina foi o destaque do complexo. Inexistente até o ano passado, já contabiliza US$ 1,7 milhão de faturamento e 3.133 mil toneladas de ‘quantum físico’ comercializado. “Trata-se de um subproduto da fabricação do biodiesel, inserida nesse grupo por ser o óleo de soja a principal matéria-prima utilizada no processo”, explica o assessor da Fiemt.
Mesmo com os embargos por parte do mercado europeu à carne brasileira, as exportações mato-grossenses do produto apresentaram crescimento de 18,6% em valor, com 9,9% de redução em volume físico. “O Estado tem encontrado alternativas para superar as restrições comerciais. Entretanto, não podemos deixar de nos preocupar com nosso maior cliente (Europa). Temos que nos adaptar as exigências impostas”, afirma Oliveira.
A carne bovina lidera em valor e em volume exportado, atingindo US$ 207,6 milhões de faturamento e ‘quantum físico’ de aproximadamente 63,24 mil toneladas. Os números representam crescimento de 13,6% em valor, mesmo com queda de 13,7% em volume exportado – dado o aumento de 31,6% na cotação internacional do produto. “O Estado contribuiu com apenas 16% do volume exportado pelo país, bem aquém do nosso potencial”, afirma o diretor da Fiemt.
União Européia e a Ásia foram os principais destinos das exportações mato-grossenses, respondendo por 46,9% e 34,9% do total, respectivamente. Já individualmente, China (19,38%), Holanda (17,38%) e Espanha (11,13%) lideram o ranking de principais compradores. “É relevante considerar a participação de 4,2% dos países do Pacto Andino e do Mercosul, que assumem a posição de 3º maior destino das vendas externas do Estado, superando o Oriente Médio”, ressalta Oliveira.
Nas importações, destaque para a ampliação de 11,18% no comércio com a China. “O indicador é um reflexo do estreitamento de laços com o país, por conta das conversas envolvendo a classe empresarial, a Fiemt e o governo do Estado, que participaram de diversas missões comerciais ao oriente”, explica o diretor da Fiemt. “A tendência é que esses números continuem a crescer”, afirma.
Mesmo com o crescimento, a China segue em 3º lugar no ranking de importações de Mato Grosso, perdendo apenas para Alemanha (11,38%) e Belarus (19,02%). Em relação às possíveis perdas nos valores das importações promovidas pela greve no Porto Seco, o diretor da Fiemt foi enfático. “Felizmente, a greve não causou prejuízos. Entretanto, sem a greve, os números seriam muito melhores. A previsão é de que maio será ainda melhor, por conta do volume represado”.