Existe espaço para redução, já a partir de abril deste ano, de 15% dos valores das tarifas de energia praticadas ao consumidor, segundo revelou estudo realizado pelo Comitê Técnico de Energia (CTE) do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
A ser apresentado na próxima quarta-feira (27) em audiência pública na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o documento justifica a redução com os reajustes ocorridos no setor. Para se ter uma idéia, entre 2001 e 2006, o preço da conta de luz triplicou (+200%), enquanto a inflação medida pelo IGP-M e IPC-A, no mesmo período, aumentou 50% e 60%, respectivamente.
A reunião em que o documento será apresentado corresponde à segunda revisão tarifária da CPFL (Companhia Paulista de Luz e Força), que prevê reajuste de -14,02.
Motivo para queda
Para justificar redução nas tarifas de energia, ainda foram apontados fatores como a valorização do real e a queda no índice de risco econômico do país. “A variação do risco e do dólar fazem parte da relação de custo que define o preço. Agora, eles estão controlados e não há motivo para a manutenção dos aumentos”, disse o diretor do Ciesp de Ribeirão Preto, Eduardo Amorim.
A pesquisa revela ainda que o custo do modelo de produção de energia dos Estados Unidos é 60% maior do que o do Brasil, entretanto, o brasileiro paga 60%, em média, mais caro pela conta de luz do que os norte-americanos, sendo esta proporção maior para as indústrias (95%).
Conforme previsto no projeto de concessão, os ganhos em produtividade das empresas devem ser repassados aos consumidores.
Alternativa à hidrelétrica
Para diminuir a dependência de energia hidrelétrica, o documento sugere o investimento na geração à base de biomassa de bagaço de cana-de-açúcar pelo setor sucroalcooleiro do estado de São Paulo. No ano passado, as empresas que compraram esse tipo de energia no mercado livre conseguiram economizar até 20%.
Mas, na realidade, é preciso ampliar as conexões da rede de distribuição para tornar a biomassa viável no longo prazo. “O custo da transmissão para transportar a energia das usinas inviabiliza a operação”, disse Amorim. Em 2007, 222 usinas em todo o país podiam produzir 3.568 megawatts desse tipo de energia.