Entidades de classe sinopenses esperam para maio a audiência pública na câmara federal, para a discussão da implantação de eclusas (canais) nas obras de hidrelétricas na Bacia do Teles Pires para “viabilizar” a futura hidrovia Teles Pires-Tapajós, ligando o Nortão de Mato Grosso a Santarém (PA) visando escoar a produção do Nortão. A audiência foi aprovada na quarta-feira passada (28 de março), mas ainda não tem nada marcada. O presidente da Associação Comercial e Empresarial (ACES), Mauro Muller, espera ser dada maior importância ao assunto. Ele, que vai representar as entidades no debate, critica a conduta dos governos em relação a implantação dos projetos hidrelétricos.
“Queremos mostrar o que está sendo feito. O tratamento, a maneira com que o governo está fazendo. Parece que sentimos um rolo compressor para fazer de qualquer forma, fazer a usina. Sabemos da necessidade, não somos contra a usina, volto a frisar, somos a favor do desenvolvimento, mas porém, um desenvolvimento sustentável. Queremos que faça com aproveitamento para a região ficar economicamente mais independente do resto do Brasil”, disse, em entrevista ao Só Notícias.
A implantação das eclusas também representaria “ganho de tempo” quando forem iniciadas as obras da hidrovia. Estudo do Movimento Pró-Logística aponta que o frete saindo de Sinop pela BR-163 ao Porto de Santarém (PA) tem um custo de R$ 138,93 a tonelada. Este mesmo trajeto e carga, pela hidrovia Teles Pires-Tapajós sairia por R$ 50,66, representando uma redução de 63,5% no custo do transporte.
Segundo presidente, a inclusão de eclusas nos projetos das hidrelétricas “é uma lei federal, baseada na ANA (Agência Nacional de Água), que tem que fazer a viabilidade […] para poder ter a possibilidade da navegação. Entretanto, o que estamos acompanhando é que não vai ser feito dessa forma”, afirmou, ao detalhar outro item que deve ser pautado na audiência.
Mauro lembrou que a mobilização das entidades por contas das eclusas já foi inclusive, discutida com o governo do Estado, não atendendo as expectativas. “Estivemos presentes em vários reuniões feitas, inclusive com o governador [Silval Barbosa] que na época, um ano atrás, ele criou uma pasta de Logística, à respeito de transporte, mas não teve um retorno da maneira que esperávamos”.
O presidente lembrou de outra reunião, com o secretário estadual de Meio Ambiente, Vicente Falcão, também avaliando sem sucesso. “Pedimos a colocação pelo menos do suporte para que depois se possa fazer a eclusa. Isso aí, nós não vimos. Apenas no desenho, no papel. Sabemos que não vai ser feito. Então, sentimos pressionados da maneira que está sendo feito, porque amanhã ou depois, se houver necessidade de fazer a hidrovia, é dinheiro do nosso bolso que vai ser gastado, muito mais do que se fizesse agora”.
A audiência foi requerida pelo deputado federal Nilson Leitão, (PSDB). Na justificativa, ele lembrou que a intenção de explorar o potencial hidráulico existente na Bacia do Rio Teles Pires remonta a estudos efetuados na década de 80. O que foi ratificado posteriormente em 2006 e 2009 através de inventários e estudos de viabilidade da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), mas ignorados pela Agência Nacional de Águas (ANA) no momento da liberação da Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos para a concessionária responsável pela construção das hidrelétricas.