Dirigentes de entidades de classe como Associação Comercial e Empresarial (Aces), Associação dos Engenheiros do Norte de Mato Grosso (Aenor), Sindicato Rural, 6ª subseção da Ordem dos Advogados do Brasil, Associação dos Criadores do Norte de Mato Grosso, Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte de Mato Grosso, Associação das Empresas Loteadoras de Sinop (Aelos), Ecodan, Lions e Rotary pediram, esta noite, a suspensão da audiência pública para detalhar o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da construção da Usina Hidrelétrica de Sinop. Eles apontaram que o prazo para ser apresentado o estudo tinha que ser de 45 dias antes da realização da audiência (hoje) e foi apresentado, esta noite. Mas o pedido não foi acatado pelo secretário estadual de Meio Ambiente, Vicente Falcão, e a audiência ocorreu normalmente. Também houve pouca divulgação para sua realização.
“Tivemos uma reunião, esta tarde, com o secretário e foi colocado que o complemento do Rima tem um prazo para ser apresentado para a sociedade. Este prazo é de 45 dias antes e eles querem apresentar durante a audiência. Há impossibilidade de até ler o que está sendo apresentado. É uma apresentação, no meu entender, muito ruim, com um som péssimo e a qualidade das imagens não dá para ler nada. E nós fomos lá justamente para com que faça com a Sema cumpra a determinação da lei. Nós queremos apenas que cumpra a lei para que a sociedade esteja avaliando esse cumprimento da Rima”, cobrou, em entrevista ao Só Notícias, o presidente da ACES, Mauro Muller. “A apresentação está errada porque deveria estar no site da EPE e da Sema 45 dias antes dessa audiência e isso aí, juridicamente, não cumpriram. Então, fomos lá pedir o que nós sabemos que vai ser um complexo muito grande que vai ser construído e a pressa deles deixa a gente meio desnorteado. É uma pressa que não entendo a razão, que eles mostram em foto, que vai ter possibilidade de fazer um monte de coisa, mas na realidade depois que ocorrer esse complexo quem vai sofrer é quem vai estar aqui. Então nós queremos que se coloque em papel em proposta para que o empreendedor que ganhar esse leia e faça de acordo com a sociedade organizada”, atacou.
Há várias pontos que ainda não estão claros, como questões técnicas e ambientais do empreendimento, além dos valores que os municípios receberão de compensação. O secretário Estadual de meio Ambiente, Vicente Falcão, disse que os municípios de Sinop, Claudia, Itaúba -que serão atingidos com a construção- receberão as compensações necessárias para a infraestrutura. Porém, valores não foram mencionados.
Cerca de 339 imóveis rurais e respectivas área de preservação permanente serão atingidos total ou parcialmente com a formação do reservatório, totalizando 408 famílias residentes e cerca de 1.066 pessoas. A maior parcela de pessoas afetadas é residente no assentamento do INCRA, onde 188 lotes serão afetados no todo ou em parte.
Conforme Só Notícias já informou, a usina terá capacidade de gerar 400 megawatts de energia elétrica. A barragem ficará entre os municípios de Itaúba e Cláudia e ocupará cerca de 33 mil hectares é a única que trabalhará com reservatório. Além de Sinop, Itaúba e Cláudia também serão afetados com a implantação da hidrelétrica, os municípios de Ipiranga do Norte e Sorriso.
A construção da usina é estimada em até 4,5 anos, e de acordo com estudos da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), gerará cerca de 3 mil empregos. A barragem terá comprimento de 470 metros e altura de 52 m, com margem direita de cerca de 140 m e altura máxima de 22 m, e o lado esquerdo terá de cerca de 176 m, e altura de 30 m. O nível máximo de água será de 302 metros, com vazão de 6.702 m³/s.