A alta do preço do arroz deve permanecer por pelo menos um ano, com a demanda mundial aquecida e a preocupação com a falta do produto em vários países. Já os preços de outro produto tradicional na gastronomia brasileira, o feijão, deverão cair nos próximos meses, devido ao inicio da colheita, com previsão de superar a produção do ano passado.
De acordo com o gerente de Alimentos Básicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Paulo Morceli, os preços internos do arroz estão sendo puxados basicamente pelos preços do mercado internacional. Ele lembrou que apesar de a produção brasileira ser suficiente para abastecer o mercado interno, a cotação internacional influencia os preços no Brasil.
“Em termos de mercado interno não teríamos problema, em tese, mas o país também está conectado ao mercado mundial. Importamos arroz para complementar a oferta interna e também exportamos. A alta nas cotações dos países exportadores provocou uma elevação dos preços aqui”, afirmou..
Para Morceli, os preços do arroz no mercado internacional devem recuar um pouco até o final do ano, mas permanecerão acima do valor registrado no ano passado. “No início da alta, em março, o arroz tailandês saiu de US$ 330 para US$ 560. Quando esse movimento [de alta] começou a acontecer, o arroz foi subindo de preço e chegou, na semana passada, a US$ 950”, exemplificou.
“Com início da colheita do arroz na Tailândia e em toda a Ásia, previsto para agosto, a tendência é de que de os preços diminuam um pouco. Mas certamente não vai ser para US$ 330”, completou Morceli.
Já o preço do feijão, segundo João Ruas, analista de mercado da Conab, deverá cair nas próximas semanas. A segunda safra do produto começa em maio e, se confirmada a expectativa de produção em torno de 3,437 milhões de toneladas, haverá excesso do grão no mercado.
Segundo ele, os preços do feijão começaram a cair em 2006, devido à grande produção. Na safra seguinte, com os produtores desestimulados e más condições meteorológicas em alguns estados, os preços subiram e em dezembro, o preço no atacado atingiu R$ 300.
O pesquisador Mauro Lopes, do Centro de Estudos Agrícolas do Instituto de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), também prevê para o curto prazo a queda no preço do feijão. “Foi um episódio, uma seca na Bahia que elevou o preço do feijão a R$ 180 por saca. Mas a produção e os preços vão se normalizar”, disse.