A Centrais Elétricas Mato-grossenses (Cemat) suspendeu desde ontem, e por tempo indeterminado, as tarifas especiais contratadas pelos grandes consumidores. Nas tarifas denominadas de Energia Elétrica Temporária para Incremento de Produção (ETIP) e Energia Temporária para Substituição do Diesel (ETSD), o megawatt hora (MWh) adquirido no horário de pico custava R$ 590 e R$ 545, respectivamente. Agora o preço do MWh está em R$ 1,280 mil, o que vai onerar os consumidores em 116% e 134%. Fora do horário de ponta o custo do MWh é de R$ 160.
O cancelamento das tarifas pegou empresários e industriais de surpresa e resultará em aumento dos custos na fatura de energia, redução na produção e majoração dos preços dos produtos. De acordo com informações repassadas pela assessoria de imprensa da concessionária, a suspensão das tarifas foi informada aos consumidores (o número de grandes clientes não foi revelado) em cartas enviadas desde a semana passada. Dos grandes consumidores, os que usam ETIP e ETSD somam 14%.
O motivo da suspensão, segundo a Cemat, é a redução na oferta de energia no país, em função da baixa no nível dos reservatórios e também diante do aumento no valor da energia adquirida pela própria concessionária no mercado livre, que no final do ano passado custava R$ 320 (MWh) e em janeiro atingiu o limite máximo de R$ 570 (MWh). Ontem, porém, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) anunciou R$ 256,05 para a semana de 2 a 8 de fevereiro. A distribuidora diz que desta vez a questão não se trata de um problema pontual, como aconteceu com a paralisação da Termelétrica de Cuiabá, mas sim de um contexto nacional.
Para o diretor da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Gustavo de Oliveira, a quebra nos contratos pela Cemat vai acarretar em altos prejuízos para o setor, pois refletirá na redução da produção, incremento nos custos e aumento dos produtos. “Quem tem gerador poderá usar o diesel (que também é mais caro), mas quem não tem ou vai parar a atividade durante o horário ou terá que desembolsar o alto valor para comprar energia”.
A Cemat afirma que adiou o quanto pôde o corte, mas que teve de ser feito porque a empresa está pagando mais caro pela energia. A concessionária diz ainda que assim que a situação da oferta e demanda de energia se normalizar, as tarifas especiais poderão ser contratadas novamente e que os consumidores podem procurar a distribuidora para que sejam reclassificados em outros grupos de consumidores.